Política
Alvo de novas investidas bolsonaristas, Moraes diz que se reuniu com Galípolo para discutir Lei Magnitsky
Parlamentares de extrema-direita afirmaram que buscariam o impeachment do ministro do STF após denúncia de jornal sobre pressão a favor do Banco Master
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se manifestou formalmente nesta terça-feira 23, após denúncia de que teria procurado o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para interceder a favor do Banco Master – o que motivou uma nova onda de críticas e ameaças bolsonaristas. Segundo Moraes, os encontros com Galípolo serviram para discutir a aplicação da Lei Magnitsky.
O assunto ganhou força na segunda-feira 22, após texto publicado pela coluna da jornalista Malu Gaspar no jornal O Globo. Segundo o jornal, Moraes falou com Galípolo em quatro oportunidades (uma vez pessoalmente, outras três por telefone). O tema seria o Master, banco de Daniel Vorcaro, preso em novembro por suspeita de fraude em transações bilionárias.
O motivo do suposto contato de Moraes, ainda de acordo com O Globo, seria um contrato que o escritório da esposa do ministro, Viviane Barci, teria com o Master. O acordo previa 3,6 milhões de reais por mês, por três anos (130 milhões de reais no total).
Na manhã desta terça, Moraes confirmou que esteve com Galípolo. Entretanto, o tema seria outro: a aplicação da Lei Magnitsky, imposta pelo governo de Donald Trump ao ministro, à esposa e a empresas da família (a medida foi revogada recentemente).
Ainda de acordo com a nota publicada por Moraes, o ministro “participou de reunião conjunta com os Presidentes da Confederação Nacional das Instituições Financeira, da Febraban, do BTG e os vice-presidentes do Santander e Itaú. Em todas as reuniões, foram tratados exclusivamente assuntos específicos sobre as graves consequências da aplicação da referida lei, em especial a possibilidade de manutenção de movimentação bancária, contas correntes, cartões de crédito e débito”.
No texto, portanto, Moraes nega ter mencionado o caso Master e Vorcaro. O texto de Malu Gaspar em O Globo, porém, diz que ele teria defendido o banco nas conversas com Galípolo. Ainda segundo o jornal, o presidente do BC mencionou as fraudes, e, com isso, Moraes teria recuado na defesa.
Pouco antes das 11h desta terça, o BC publicou curta nota oficial em que afirma que “manteve reuniões com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky”.
Bolsonarismo se assanha
Após a publicação do texto pelo jornal O Globo, o bolsonarismo se mobilizou em busca de descredibilizar Moraes – hoje, considerado pela extrema-direita brasileira seu inimigo número 1.
Parlamentares bolsonaristas voltaram a falar em pedido de impeachment do ministro do Supremo, relator do processo que levou à condenação de Jair Bolsonaro e aliados pela tentativa de golpe de Estado. O deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) afirmou que vai coletar assinaturas para o pedido durante o recesso parlamentar.
Além disso, o Congresso vai analisar um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso Master.
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