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General russo morre em explosão em Moscou poucas horas após negociações nos Estados Unidos

Fontes russas afirmam que não está descartado o envolvimento da Ucrânia

General russo morre em explosão em Moscou poucas horas após negociações nos Estados Unidos
General russo morre em explosão em Moscou poucas horas após negociações nos Estados Unidos
O veículo onde estava o general foi atingido por uma explosão – Foto: Alexander Nemenov/AFP
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Um carro-bomba matou nesta segunda-feira 22 um general russo no sul de Moscou, poucas horas após negociações, separadas, de representantes russos e ucranianos em Miami sobre um plano para tentar acabar com a guerra.

Kiev não comentou a morte do general de alta patente, mas os investigadores russos afirmaram que investigam se a explosão estava “relacionada com os serviços especiais ucranianos”.

Desde o início da ofensiva da Rússia contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022, Kiev foi acusada diversas vezes de executar ataques contra personalidades e comandantes militares na Rússia e em áreas ocupadas por Moscou no país vizinho.

O tenente-general Fanil Sarvarov, 56 anos, era o diretor do departamento de formação operacional do Estado-Maior. Ele morreu em um bairro residencial do sul de Moscou quando a bomba colocada sob seu veículo foi detonada.

Correspondentes da AFP no local viram um SUV Kia branco destruído. As forças de segurança isolaram a área e os investigadores examinavam os destroços.

O Comitê de Investigação da Rússia, responsável pelos inquéritos de crimes graves, afirmou que estava “trabalhando em várias linhas de investigação sobre o assassinato”. Uma delas envolve a possível organização do crime por parte dos serviços especiais ucranianos”.

Sarvarov lutou nas campanhas do Exército russo no Cáucaso Norte, incluindo a da Chechênia na década de 1990, segundo sua biografia oficial no portal do Ministério da Defesa. Também comandou as forças russas na Síria em 2015-2016.

Negociações prosseguem

O Kremlin ainda não se pronunciou sobre o assassinato, que aconteceu após três dias de conversações em Miami e no momento em que o governo dos Estados Unidos intensifica os esforços para negociar o fim da guerra.

O negociador ucraniano Rustem Umerov e o enviado especial americano Steve Witkoff elogiaram no domingo o “progresso” das negociações.

O enviado russo Kirill Dmitriev também se reuniu com a delegação americana, também integrada por Jared Kushner, genro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Witkoff classificou as reuniões de “produtivas e construtivas”.

Os diálogos foram impulsionados pelo plano de 28 pontos apresentado pelos Estados Unidos no mês passado, uma proposta inicial criticada por ser muito favorável à Rússia.

O plano foi alterado após os diálogos com a Ucrânia e os países europeus, mas o conteúdo da proposta não foi revelado publicamente.

A Ucrânia afirma que o país ainda precisaria fazer concessões importantes, como ceder toda a região leste do Donbass à Rússia.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, expressou ceticismo sobre se a Rússia realmente quer o fim do conflito, que provocou dezenas de milhares de mortes e devastou o leste e o sul da Ucrânia.

O Kremlin negou nesta segunda-feira que deseja recriar a União Soviética, assumir o controle de toda a Ucrânia e de mais territórios no leste da Europa, depois que a agência Reuters informou que serviços de inteligência americanos chegaram à conclusão de que Vladimir Putin buscava muito mais do que controlar o leste do país vizinho.

Não é a primeira vez que uma explosão do tipo mata uma autoridade russa. Em abril, a explosão de um automóvel perto de Moscou matou o general Yaroslav Moskalik, vice-comandante do Estado-Maior.

Em dezembro de 2024, o comandante das forças russas de defesa radiológica, química e biológica, Igor Kirilov, morreu na explosão de um patinete elétrico na capital do país. O assassinato foi reivindicado pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU).

O blogueiro militar russo Maxim Fomin morreu na explosão de uma estatueta em um café em São Petersburgo, em abril de 2023. Em agosto de 2022, um carro-bomba matou Daria Dugina, filha do ideólogo ultranacionalista Alexandr Dugin.

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