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Presidenta do México convoca manifestação em meio a turbulência política

Embora seja muito popular, a presidenta começa a ver níveis de desaprovação, segundo pesquisas

Presidenta do México convoca manifestação em meio a turbulência política
Presidenta do México convoca manifestação em meio a turbulência política
A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, em 13 de outubro de 2025. Foto: Yuri Cortez/AFP
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A presidenta Claudia Sheinbaum (de esquerda) convocou para este sábado 6 uma manifestação em massa na capital mexicana para fortalecer seu governo, após um mês difícil, marcado pelo assassinato de um prefeito popular, uma passeata violenta em nome da Geração Z e a renúncia repentina do procurador-geral.

“Encerramos 2025 com a celebração histórica de sete anos de transformação. Vamos defender juntos as conquistas do povo”, publicou a presidenta na rede social X na quinta-feira, referindo-se, também, ao governo do seu antecessor Andrés Manuel López Obrador (2018-2024).

Segundo analistas, os problemas da presidenta não vêm apenas de seus opositores, mas de dentro de seu próprio partido, o Morena. A manifestação na principal praça do país é uma “tentativa de apoio interno, de reformular a narrativa, de convocar à união”, explicou à AFP o analista político Pablo Majluf.

A crise profunda de segurança que os governos de esquerda não conseguiram reverter mancha a gestão da presidente, que goza de altos níveis de popularidade desde que assumiu o poder, em outubro de 2024.

A turbulência começou no mês passado, com o assassinato de Carlos Manzo, prefeito no estado de Michoacán, que empreendeu uma cruzada contra o crime organizado. O assassinato gerou manifestações em massa, e um protesto no mês passado em nome da Geração Z tornou-se a primeira passeata antigovernamental violenta de seu mandato, com mais de 100 feridos.

Dias depois, ocorreu a renúncia abrupta do procurador-geral Alejandro Gertz, que ficaria no cargo até 2028. A própria presidenta pediu a saída dele, com queixas de má coordenação da estratégia contra o crime organizado.

Divisão

“O mais interessante e irônico”, diz Majluf, é que “quem mais enfraquece Sheinbaum não é a oposição, que está aniquilada, completamente fora de jogo, e sim seu próprio movimento político”.

Segundo analistas, essa divisão no partido tem relação com um dos homens de confiança do ex-presidente López Obrador. Secretário do Interior durante o seu governo, Adán Augusto López esteve relacionado com um ex-funcionário preso no Paraguai, por liderar o grupo criminoso conhecido como La Barredora.

Embora seja muito popular, a presidenta começa a ver níveis de desaprovação, segundo pesquisas. Encerrou outubro com uma aprovação de 74%, em novembro passou para 73%, e começa dezembro com 71%, enquanto a desaprovação passou de 25% para 28%, segundo o resumo do condensado de pesquisas da Polls MX.

A esquerda mexicana se vangloria de ter reduzido a pobreza em cerca de 30% desde 2018.

Claudia Sheinbaum é “uma presidenta incrivelmente eficiente”, que gosta de ter controle e exige muito da sua equipe. Mas também “tem dificuldade em lidar com divergências”, ressaltou o colunista político Hernán Gómez Bruera.

Espera-se para este sábado que o governismo coloque a máquina do partido em movimento, mostre sua força política e mobilize seus apoiadores.

“A um dia de nos reencontrarmos no Zócalo para celebrar os primeiros sete anos de transformação, o povo responde com sua confiança”, publicou hoje no X a presidente do Morena, Luisa María Alcalde.

Em 2022, López Obrador liderou uma passeata semelhante, logo após dezenas de milhares de pessoas saírem para protestar contra a reforma que promoveu para fazer alterações na autoridade eleitoral.

“Este regime é especialista em passeatas e atos. Está no seu DNA”, ressaltou Majluf, ao lembrar que o movimento liderado originalmente por López Obrador nasceu “das ruas, foram profissionais do protesto, da agitação e da mobilização em massa”.

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