Do Micro Ao Macro
Como criar experiências digitais acessíveis e aumentar seu alcance
Especialistas reforçam que produtos digitais acessíveis ampliam alcance, melhoram usabilidade e evitam barreiras frequentes enfrentadas por milhões de usuários no Brasil.
O Dia Nacional da Acessibilidade, celebrado em 5 de dezembro, reforça a necessidade de desenvolver produtos digitais acessíveis para um público diverso. No Brasil, mais de 18 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, segundo o IBGE, e muitas plataformas ainda deixam de atender esse grupo por desconhecimento ou por falta de prioridade no processo de criação. Para Guilherme Ferreira, professor de UX Design na General Assembly NY e cofundador da Atomsix, investir em acessibilidade amplia o público e melhora a experiência para todos.
“Quando falamos em acessibilidade, estamos falando de permitir que qualquer pessoa use um serviço da mesma forma. Isso é respeito ao usuário e indica maturidade no desenvolvimento de produtos”, afirma Ferreira. Ele aponta cinco práticas relevantes para empresas que desejam avançar no tema.
Conteúdos acessíveis
O ponto inicial está na clareza da comunicação. Textos diretos, instruções claras e rótulos objetivos reduzem esforço cognitivo e facilitam o uso por pessoas com diferentes níveis de compreensão. Ferreira destaca que, quando um usuário precisa interpretar a interface para entender o que fazer, a experiência se perde. Um estudo da InVision mostra que 81% das empresas que adotam boas práticas de design observam melhora na usabilidade.
Navegações acessíveis
A organização dos elementos deve seguir lógica previsível. Pesquisas indicam que usuários levam cerca de 50 milissegundos para decidir se permanecem em um site, o que torna a estrutura da navegação um fator decisivo. Quando o caminho é simples e contínuo, o tempo para completar tarefas diminui e a compreensão aumenta.
Contraste e legibilidade
Pessoas com baixa visão, daltonismo ou sensibilidade ocular dependem de contraste adequado entre texto e fundo. Dados da Microsoft mostram que até 61,7% dos visitantes utilizam algum recurso de acessibilidade, o que evidencia que práticas de legibilidade alcançam um público amplo. Para Ferreira, combinações de cor inadequadas ampliam exclusão mesmo quando o design parece visualmente adequado para quem não tem deficiência.
Uso sem mouse
Garantir o funcionamento completo por teclado é outro ponto central. Pessoas com mobilidade reduzida, limitações motoras ou impossibilidade de usar mouse precisam de alternativas. Ferreira ressalta que essa flexibilidade atende também casos temporários, como lesões ou dificuldades de usar o touchpad, além de facilitar o uso por leitores de tela.
Testes com usuários diversos
Avaliar produtos com perfis variados permite identificar barreiras invisíveis em testes internos. Um estudo da McKinsey indica que empresas que tratam design como estratégia alcançam 32% mais receita e 56% mais retorno a acionistas. Ferreira reforça que desenvolvedores conhecem a interface, mas usuários reais revelam fricções. Para ele, produtos acessíveis ampliam alcance e melhoram a experiência de todos.
Estratégia contínua
Ferreira lembra que construir experiências digitais acessíveis não representa custo isolado, mas expansão de público, redução de barreiras e melhoria geral da interação para qualquer usuário.
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