Do Micro Ao Macro

Indústria alcança melhores níveis de bem-estar; serviços, tecnologia e varejo lidam com desgaste emocional

Pesquisa indica diferenças amplas de bem-estar entre setores e mostra que serviços, tecnologia e varejo enfrentam sobrecarga emocional crescente

Indústria alcança melhores níveis de bem-estar; serviços, tecnologia e varejo lidam com desgaste emocional
Indústria alcança melhores níveis de bem-estar; serviços, tecnologia e varejo lidam com desgaste emocional
Executivos veem produtividade com IA, mas trabalhadores relatam sobrecarga
Apoie Siga-nos no

O bem-estar no ambiente de trabalho varia de forma significativa entre os setores econômicos, segundo o Check-up de Bem-Estar 2025, levantamento conduzido pela Vidalink com 11.600 trabalhadores de 250 empresas de grande porte. O estudo mostra que a indústria concentra os melhores índices de satisfação com saúde física e equilíbrio geral, enquanto serviços, tecnologia e varejo apresentam níveis mais altos de desgaste emocional e financeiro.

Além disso, os dados revelam que o tipo de jornada e o formato das rotinas afetam diretamente o comportamento das equipes. Na indústria, 36% declaram satisfação com a saúde física e 32% com o bem-estar geral. Já nos serviços, 33% afirmam não adotar nenhuma prática de cuidado com a saúde mental. No varejo, esse índice chega a 40%, o maior entre os setores analisados.

Em paralelo, o levantamento indica que o setor de tecnologia reúne a maior proporção de profissionais que utilizam medicamentos (18%) e fazem terapia (17%), sinal de que o ritmo de trabalho e metas frequentes elevam a exaustão mental.

Desafios do varejo

No recorte do varejo, o cenário é o mais sensível.

Os dados mostram que 68% não praticam exercícios físicos e 48% vivem situação financeira considerada ruim. Além disso, 65% relatam ansiedade, angústia ou apatia, e somente 19% demonstram satisfação com o próprio bem-estar geral. Esses indicadores reforçam a pressão do contato constante com o público e jornadas extensas.

Impactos na indústria

O setor industrial apresenta outro comportamento no levantamento.

A pesquisa identifica os menores índices de insatisfação com o sono (25%) e a melhor percepção sobre saúde financeira, já que apenas 28% avaliam a situação como ruim. Esse ambiente, segundo os pesquisadores, contribui para níveis mais altos de recuperação física e mental após o expediente.

Pressões em serviços e tecnologia

Nos setores de serviços e tecnologia, a percepção de cansaço aparece com frequência maior.

As duas áreas registram os níveis mais baixos de recuperação após a jornada e maior insatisfação com aspectos físicos e emocionais. As metas contínuas, a presença constante em ambientes digitais e o volume de interações típicas desses segmentos ajudam a explicar a variação.

Leitura dos dados

Luis Gonzalez, CEO e cofundador da Vidalink, afirma que os indicadores mostram a necessidade de ajustar as políticas internas de acordo com a dinâmica de cada área. Para ele, “a indústria opera com rotinas mais previsíveis, enquanto serviços, tecnologia e varejo lidam com demandas intensas e contato permanente com o público, o que reduz a capacidade de recuperação emocional”.

Segundo Gonzalez, a análise das diferenças ajuda a direcionar programas específicos de saúde e organização do trabalho. Ele explica que setores industriais enfrentam esforço físico e riscos ocupacionais, enquanto escritórios e ambientes digitais convivem com hiperconectividade e cansaço mental.

O bem-estar dos trabalhadores, de acordo com o estudo, depende da compreensão dessas particularidades e da criação de práticas que atendam cada realidade.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo