Economia
O carrinho de supermercado está cheio de novo
Famílias voltam a consumir, preços cedem, o 13º injeta novo fôlego na economia real… e a onda de pessimismo que marcou o início do ano se desfaz
A chegada do final do ano vem espantando algumas aves do mau agouro que montaram plantão nas análises do início do ano e, especialmente, depois das tarifas dos EUA. Previsões catastróficas, geralmente, dialogam com a emoção e pouco com a razão. O país viveu um ciclo de elevação de preços dos alimentos, o que gerou apreensão em consumidores e no governo. Esse temor parece ter sido debelado e, com a proximidade do final do ano, o otimismo voltou ao setor.
A Black Friday apresentou um crescimento de 11% no comércio eletrônico em comparação com o ano anterior. As informações são da Confi Neotrust. Olhando para um cenário mais amplo, dados da Associação Brasileira de Supermercados, a ABRAS, indicam que o varejo alimentar brasileiro encerra 2025 em um ritmo mais forte do que o projetado no início do ano, impulsionado pelo aumento do consumo das famílias.
Os números mais recentes divulgados pela entidade indicam que o consumo nos lares brasileiros continua crescendo no período, consolidando uma tendência positiva que vem desde setembro. Em outubro, o resultado foi considerado bom, mantendo o varejo alimentar em trajetória de recuperação e garantindo fôlego adicional para o período de festas e de abastecimento mais intenso.
A ABRAS destaca que o indicador “Consumo nos Lares Brasileiros” apresentou crescimento de 2,79% na comparação anual, reflexo da maior estabilidade dos preços de itens essenciais e da retomada progressiva do poder de compra das famílias, mesmo em um ambiente ainda marcado por oscilações econômicas. Essa performance reforça a tendência de crescimento horizontal do consumo. O setor de varejo alimentar 424 mil lojas e atende diariamente cerca de 30 milhões de consumidores, espelhando o que acontece na microeconomia.
A expectativa agora é de que novembro e dezembro registrem um impulso ainda maior, graças ao impacto direto do 13º salário na renda disponível dos trabalhadores e aposentados. Segundo o DIEESE, o benefício deve colocar cerca de 369,4 bilhões de reais em circulação neste final de ano, alcançando aproximadamente 95,3 milhões de brasileiros.
A massa de recursos atinge diferentes segmentos, incluindo trabalhadores formais, empregados domésticos com carteira assinada, aposentados e pensionistas do INSS, ampliando de forma significativa o potencial de consumo em todas as regiões.
O Sudeste, por concentrar a maior quantidade de assalariados formais, deve registrar o impacto mais expressivo: somente em São Paulo, o 13º deve beneficiar cerca de 24,6 milhões de pessoas e injetar mais de 110 bilhões de reais na economia. Estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais também aparecem entre os maiores receptores da renda adicional, reforçando o peso da região na movimentação do varejo alimentar.
No Nordeste, a influência do 13º se destaca principalmente pelo peso dos aposentados e pensionistas, ampliando a circulação de renda sobretudo em capitais e centros urbanos de médio porte. Já no Sul e no Centro-Oeste, o efeito se combina com o bom desempenho do agronegócio e da indústria regional, criando um ambiente favorável para o aumento do consumo de bens alimentares e produtos típicos de fim de ano. No Norte, embora a base de beneficiados seja menor, o impacto relativo costuma ser alto em razão da forte relação entre renda extra e aumento imediato do consumo doméstico.
Para o varejo alimentar, esse conjunto de fatores representa um cenário especialmente promissor. A combinação entre crescimento já registrado em outubro, estabilidade relativa dos preços e a chegada da massa extra de renda cria as condições ideais para um final de ano com alta significativa nas vendas, especialmente em categorias como carnes, bebidas, produtos de mercearia, itens de panificação, frutas e perecíveis sazonais. A expectativa das redes é de que o aumento de fluxo nas lojas físicas e nas compras online acompanhe o movimento observado em anos anteriores, mas com tendência mais robusta graças à retomada da confiança do consumidor e ao maior planejamento das famílias para as festas de fim de ano.
O setor supermercadista entra nas últimas semanas do ano com projeções positivas, sustentado por uma estrutura forte, alta capilaridade e pela relevância estratégica na cesta de consumo básico. A avaliação geral é que o varejo alimentar deve finalizar 2025 com resultados superiores aos de 2024, consolidando sua posição como um dos segmentos de maior estabilidade e capacidade de resposta às variações de renda da população brasileira.
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