Do Micro Ao Macro

66% dos brasileiros já tiveram a saúde mental afetada pelo estresse do trabalho

Pesquisa mostra percepção negativa sobre saúde mental nas organizações e revela impacto do estresse do trabalho em dois terços dos brasileiros

66% dos brasileiros já tiveram a saúde mental afetada pelo estresse do trabalho
66% dos brasileiros já tiveram a saúde mental afetada pelo estresse do trabalho
Novos termos expõem limites da saúde mental nas empresas
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A saúde mental dos brasileiros voltou ao debate após a nova edição do estudo “Saúde Mental em Foco” indicar que 66,1% das pessoas já tiveram algum impacto relacionado ao estresse no trabalho. O levantamento foi conduzido pela Vittude em parceria com o Opinion Box, com 2 mil participantes acima de 16 anos, homens e mulheres de todas as regiões do país.

Além disso, o relatório analisou o Net Promoter Score ligado à promoção do tema pelas empresas. O índice ficou em -19, repetindo o patamar do ano anterior e revelando a insatisfação de grande parte dos trabalhadores com a forma como as organizações tratam a questão.

Percepções e dados da pesquisa

Logo no início, o estudo aponta divergências entre autopercepção e realidade. Embora 38% tenham dado nota 4 para a própria saúde mental e 28,8% tenham atribuído nota máxima, 7,2% relataram nível crítico. Essa faixa representa um grupo vulnerável que pode não encontrar apoio adequado no trabalho.

A CEO Tatiana Pimenta afirma que o dado demonstra urgência. “Dois em cada três brasileiros já tiveram a saúde mental afetada pelo estresse do trabalho. Por trás desse percentual há histórias de esgotamento, adoecimento e queda de qualidade de vida. A saúde mental precisa fazer parte da gestão de pessoas, especialmente com a chegada da atualização da NR-1”, declara.

Acesso ao cuidado

A pesquisa ainda mostra que quase metade dos brasileiros acredita que todas as pessoas deveriam fazer terapia. Mesmo assim, apenas 26,8% estão em acompanhamento. Entre os que não fazem, 48% afirmam não ver necessidade no momento, 34,5% mencionam custo e 18% citam falta de tempo.

Entre quem realiza acompanhamento, 28% utilizam plano de saúde e 7,5% recebem custeio integral da empresa. A maioria paga pelo próprio bolso: 19,2% destinam de R$ 100 a R$ 200 mensais, 14,7% desembolsam de R$ 301 a R$ 500 e 11% pagam de R$ 201 a R$ 300.

Práticas de saúde mental nas empresas

No ambiente corporativo, a saúde mental ainda avança de forma lenta. Segundo o estudo, 46,3% dos trabalhadores são detratores, ou seja, não recomendariam suas empresas como promotoras do tema. Apenas 27,6% estão satisfeitos.

Além disso, 32,1% dizem que suas organizações não possuem qualquer iniciativa ligada à saúde mental. Entre as práticas existentes aparecem políticas contra discriminação e assédio (26,5%), palestras e webinares (22,8%), terapia via plano de saúde (19,7%) e comitês de bem-estar (19,4%).

Modelos de trabalho e bem-estar

O estudo também investigou como diferentes modelos de trabalho influenciam a saúde mental. Hoje, 74% atuam de forma presencial. Porém, o formato mais bem avaliado é o híbrido flexível, apontado por 48,1% como o mais favorável. Nesse regime, 63,3% concentram-se nas notas mais altas de bem-estar.

Já o remoto integral apresenta 11,4% dos entrevistados em níveis críticos, indicando que a combinação entre flexibilidade e isolamento pode gerar efeitos distintos dentro do mesmo grupo.

Mudança de expectativa dos trabalhadores sobre saúde mental

Ao analisar perspectivas de futuro, o relatório mostra que 78,2% preferem trabalhar em empresas que possuam programas específicos de saúde mental, e 92,4% defendem que o tema seja tratado com mais seriedade.

Tatiana avalia esse movimento como uma mudança de entendimento dentro das estruturas corporativas. Segundo ela, “cuidar da saúde mental é cuidar da performance e da sustentabilidade do negócio. Organizações que adotam programas estruturados conseguem reduzir adoecimento, afastamento e turnover”.

A pesquisa completa está disponível gratuitamente em formato de e-book.

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