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Venezuela revoga licenças de companhias aéreas que suspenderam voos no país

A medida afeta as empresas Iberia, TAP, Avianca, Latam, GOL e Turkish

Venezuela revoga licenças de companhias aéreas que suspenderam voos no país
Venezuela revoga licenças de companhias aéreas que suspenderam voos no país
O aeroporto Simon Bolívar, na Venezuela. Foto: Juan BARRETO / AFP
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A Venezuela anunciou na quarta-feira 26 que revogou as licenças de operação no país de seis companhias aéreas, acusadas por Caracas de “terrorismo” depois que suspenderam os voos para o país devido a um alerta emitido pelos Estados Unidos sobre atividade militar na região.

A medida afeta a espanhola Iberia, a portuguesa TAP, a colombiana Avianca, a filial colombiana da chileno-brasileira Latam, a brasileira GOL e a turca Turkish, segundo o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (Inac).

As empresas são acusadas de aderir “às ações de terrorismo de Estado promovidas pelo governo dos Estados Unidos, suspendendo unilateralmente suas operações aerocomerciais”, afirmou o Inac em um comunicado.

O governo dos Estados Unidos afirmou na semana passada que os aviões que circulam pelo espaço aéreo venezuelano deveriam “intensificar a precaução” devido ao “agravamento da situação de segurança e ao aumento da atividade militar na Venezuela e seus arredores”.

O alerta foi divulgado em um momento de mobilização militar americana na região para operações contra o narcotráfico, que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, insiste ter como objetivo derrubar o seu governo.

As seis companhias agora afetadas anunciaram a suspensão temporária de suas atividades na Venezuela.

O Ministério dos Transportes venezuelano anunciou na segunda-feira um prazo de 48 horas para a retomada dos voos. O prazo expirou ao meio-dia de quarta-feira. Todas as empresas prosseguiram com a suspensão.

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, criticou o alerta de Washington e defendeu o direito “soberano” da Venezuela de decidir quais empresas podem operar no país.

“Fiquem com seus aviões e nós ficamos com nossa dignidade”, disse Cabello. “Agora, os que estão aqui, que vieram de outros países, ficam aqui”, acrescentou.

A suspensão de voos afetou mais de 8 mil passageiros de pelo menos 40 voos até o momento, segundo dados da Associação Nacional de Agências de Viagem e Turismo (Avavit).

Nos últimos dias, atividades de caças americanos foram registradas a poucas dezenas de quilômetros das costas venezuelanas, segundo sites de rastreamento de aeronaves.

O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, denunciou na terça-feira que os Estados Unidos “dispõem suas armas para a guerra”.

Atividade no Caribe

O presidente Donald Trump mantém uma postura ambivalente sobre a Venezuela, com apelos ao diálogo, ao mesmo tempo em que insiste estar disposto a encontrar uma solução para o conflito “de maneira difícil”.

Ao mesmo tempo, Washington reforça as alianças com países caribenhos. Na quarta-feira, o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, visitou a República Dominicana para anunciar um acordo sobre o uso dos aeroportos da ilha na operação de combate às drogas dos Estados Unidos no Caribe.

O chefe do Estado-Maior, Dan Caine, se reuniu com a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, para discutir a segurança na região.

Mais de 20 embarcações supostamente carregadas com drogas foram bombardeadas no Caribe e no Pacífico nos últimos meses, ações que resultaram em mais de 80 mortes.

Especialistas questionam a legitimidade dos ataques dos Estados Unidos e afirmam que não foram apresentadas evidências concretas sobre atividades de tráfico de drogas.

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