CartaCapital

assine e leia

Justiça/ A próxima da fila

O Ministério Público da Itália dá aval à extradição de Carla Zambelli

Justiça/ A próxima da fila
Justiça/ A próxima da fila
A ex-deputada terá tempo de refletir sobre suas escolhas – Imagem: Marcos Correa/PR
Apoie Siga-nos no

Condenada duas vezes pelo Supremo Tribunal Federal, a dez anos de prisão por falsidade ideológica e invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça, em conluio com o hacker Walter Delgatti Neto, e a 5 anos e 3 meses por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, no episódio da perseguição a um eleitor de Lula pelas ruas do Jardim Paulista, a deputada foragida Carla Zambelli está mais perto de retornar, contra a sua vontade, ao Brasil. Segundo a Advocacia-Geral da União, o Ministério Público da Itália, para onde ­Zambelli havia escapado, deu aval à extradição solicitada pela Justiça brasileira. Cabe agora ao Tribunal de Apelação de Roma decidir se e quando a parlamentar, mantida em uma prisão feminina enquanto aguarda a tramitação do recurso, será enviada a seu país de origem para cumprir a pena imposta pelo STF. Estima-se que a extradição aconteça, no mais tardar, em março próximo. Zambelli esperava contar com a simpatia do governo de extrema-direita da primeira-ministra Giorgia ­Meloni. Um delírio para quem é uma figura irrelevante no universo bolsonarista. Renegada pelo clã Bolsonaro, acusada de comprometer a reeleição do ex-presidente por conta de seu destempero, a parlamentar de breve história terá tempo de pensar na vida atrás das grades.

Aposentadoria limitada

Por 8 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal rejeitou a revisão da vida toda no cálculo dos benefícios do INSS. A ação judicial impetrada por pensionistas solicitava que pagamentos feitos em moedas anteriores ao real fossem incorporados às contribuições dos beneficiários, o que elevaria as pensões. Quem havia sido beneficiado por decisões de instâncias inferiores não terá de devolver o dinheiro, mas o INSS, daqui em diante, poderá reduzir o valor pago mensalmente.

Saúde/ Um triunfo da ciência

O Brasil aprova a primeira vacina de dose única contra a dengue

Enfim, uma resposta eficaz e simples ao mosquito – Imagem: iStockphoto

O esforço dos cientistas do Instituto Butantan acaba de ser coroado. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária concluiu a avalição técnica da Butantan-DV, primeira vacina de dose única contra a dengue no mundo, último estágio do processo de aprovação. O instituto iniciou a produção antes da assinatura do protocolo de intenção, ocorrida na quarta-feira 26, e acumulou um estoque de 1 milhão de unidades. Segundo afirmou à mídia o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, o pediatra e infectologista Renato Kfouri, os resultados apresentados justificam a rapidez na incorporação do medicamento. “A vacina demonstrou eficácia elevada, em torno de 75% contra a doença e acima de 90% para formas graves e hospitalizações. Além da eficácia, temos o benefício de ser uma vacina produzida no País. Isso facilita o acesso e a escala de distribuição.” A parceria firmada entre o Butantan­ e a chinesa WuXi elevará a produção a 30 milhões de doses no segundo semestre do próximo ano.

Venezuela/ Jogo de gato e rato

O comportamento ambíguo de Trump em relação a Maduro

“Ridícula”, afirma o venezuelano a respeito da definição dos EUA – Imagem: Federico Parra/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria informado a aliados a disposição de conversar por telefone com o homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, a despeito da escalada das ameaças de conflito. A intenção, relata o site Axios, especializado em política norte-americana, foi comunicada no mesmo dia em que a Casa Branca enquadrou o suposto Cartel de los Soles como grupo terrorista. A classificação serve de pretexto a uma eventual intervenção militar dos EUA no país caribenho. Segundo Maduro, apontado como chefe da facção, o Cartel de los Soles nem sequer existe e é uma invenção do governo Trump para forçar uma mudança de regime. “Rídicula”, retrucou o líder venezuelano a respeito da definição. Estudiosos do narcotráfico na América Latina também contestam a existência do cartel. O Axios publicou duas declarações de uma fonte da Casa Branca não revelada sobre as atuais intenções de ­Washington. “Ninguém está planejando entrar lá e atirar nele ou sequestrá-lo, neste momento. Eu não diria que nunca, mas esse não é o plano agora.” Mais: “Temos operações secretas, mas elas não visam matar Maduro. Elas visam deter o narcotráfico. Mas, se Maduro sair, não derramaremos uma lágrima”.

De olhos bem abertos

Aumentou a tensão diplomática entre a China e o Japão depois de Tóquio anunciar a instalação de mísseis em uma ilha nos arredores de Taiwan. “O envio de armas para as Ilhas do Sudoeste é uma ação deliberada que alimenta tensões regionais e provoca confrontação militar. Dadas as declarações equivocadas da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre Taiwan, essa medida é extremamente perigosa e deve acender o alerta máximo entre os países vizinhos do Japão e a comunidade internacional”, afirmou a porta-voz Mao Ning, do Ministério das Relações Exteriores chinês. Desde a posse da direitista Takaichi, no fim de outubro, a relação se deteriorou.

Mercosul-UE/ Acordo à vista

Tratado será assinado em 20 de dezembro, diz Lula

Parece não haver mais resistências ao acerto – Imagem: iStockphoto

Na reunião em Johannesburgo,­ na África do Sul, do G20, grupo das 20 maiores economias do planeta, o presidente Lula anunciou a disposição de assinar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia em 20 de ­dezembro. “Pretendo não viajar mais este ano, a não ser para Brasília ou para Foz do Iguaçu, para assinar o acordo”, afirmou. O tratado, negociado durante décadas e readequado no início do terceiro mandato do petista, vai criar a maior zona de livre-comércio do planeta, com 722 milhões de habitantes e PIB equivalente a 22 trilhões de dólares. Na reta final, o Brasil conseguiu criar mecanismos de proteção para as compras governamentais, instrumento essencial ao desejado processo de reindustrialização do País. Ainda assim, será uma troca desigual. As nações ­sul-americanas venderão mais produtos agrícolas e comprarão mais bens industriais e serviços. O tarifaço global imposto por Donald Trump quebrou certas resistências europeias, em particular na França, onde os agricultores temem perder espaço para os produtos sul-americanos. A ver se teremos ganhos nessa aliança ou se o acordo só aumentará o papel subalterno do subcontinente na economia global.

Publicado na edição n° 1390 de CartaCapital, em 03 de dezembro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo