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Panamá diz que China pode participar de licitações do Canal, apesar da pressão de Trump

O canal de 80 quilômetros, cujos principais usuários são os Estados Unidos e a China, movimenta 5% do comércio marítimo mundial

Panamá diz que China pode participar de licitações do Canal, apesar da pressão de Trump
Panamá diz que China pode participar de licitações do Canal, apesar da pressão de Trump
O Canal do Panamá. Foto: Martin BERNETTI / AFP
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A China participa em igualdade de condições na licitação da construção de dois novos portos no Canal do Panamá, afirmou nesta terça-feira 25 o administrador da via interoceânica, apesar das ameaças dos Estados Unidos de retomar seu controle.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirma que o canal está sob controle de Pequim porque a companhia de Hong Kong Hutchison Holdings opera os portos de Balboa (Pacífico) e Cristóbal (Atlântico).

Em meio a essas pressões, a empresa concordou em vender ambos os terminais a um conglomerado liderado pela americana BlackRock, mas a China vê a operação com desconfiança e agora suas empresas querem assumir as novas obras portuárias.

“Temos que estar abertos à participação de todas as partes interessadas”, disse a jornalistas o administrador do canal, Ricaurte Vásquez.

Também é necessário “fazê-lo com a maior concorrência”, indicou Vásquez, segundo o qual todas as empresas têm as mesmas oportunidades.

O executivo evitou especular sobre uma possível escalada de tensões com os Estados Unidos caso as obras fossem concedidas para empresas chinesas no futuro.

“A gente atravessa a ponte quando chega ao rio, então primeiro vamos ver como chegamos ao rio e depois discutimos sobre esse assunto”, acrescentou Vásquez diante de uma pergunta da AFP.

Na próxima segunda-feira, começará uma série de reuniões com diferentes consórcios como parte do processo para licitar a construção dos portos de Corozal, no Pacífico, e Telfers, no Atlântico, anunciou o administrador.

Entre as empresas interessadas estão as companhias de Hong Kong Cosco Shipping Ports e Orient Overseas Container Line (OOCL).

O canal prevê investir cerca de 8,5 bilhões de dólares (45,7 bilhões de reais) na próxima década para ampliar seus negócios. Além dos novos portos, o projeto inclui a construção de um gasoduto e de um novo reservatório.

A administração prevê licitar as obras dos dois terminais em 2026 e iniciar as operações em 2029.

Também manifestaram interesse empresas como a singapurense PSA International, a taiwanesa Evergreen, a alemã Hapag Lloyd, a dinamarquesa Maersk e a francesa CMA Terminals – CMA CGM.

Os cinco principais portos do Panamá estão próximos ao canal e são operados por concessionárias dos Estados Unidos, Taiwan, Hong Kong e Singapura.

O canal de 80 quilômetros, cujos principais usuários são os Estados Unidos e a China, movimenta 5% do comércio marítimo mundial.

Em 1977, Washington se comprometeu a ceder o controle da rota ao Panamá, após administrá-la por quase um século, e ela passou definitivamente às mãos panamenhas no último dia de 1999.

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