Economia
Galípolo defende manutenção de juros altos e diz que BC ‘tem obrigação legal’ de mirar meta de 3% na inflação
O presidente do Banco Central participou, nesta terça-feira 25, de uma audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira 25 na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado que a manutenção da Selic em 15% ao ano decorre diretamente da inflação ainda acima do objetivo oficial. Ele voltou a defender que o BC não tem alternativa além de usar a taxa básica de juros para tentar reconduzir o IPCA ao alvo de 3%.
“A obrigação do Banco Central é usar a taxa de juros para perseguir a meta de inflação. O comando legal que recebi foi esse: ‘você tem esse instrumento para perseguir a meta de 3%’”, afirmou. Segundo ele, a crítica de que o Brasil opera com juros superiores aos de outros emergentes “não altera o dever da autoridade monetária”. “O comando legal não foi: ‘coloque a taxa de juros na mediana dos países emergentes’”.
Galípolo também reforçou que, apesar da faixa de tolerância, o objetivo central permanece sendo o ponto fixado pelo Conselho Monetário Nacional. “Vamos lembrar sempre: a meta não é a banda superior. A meta é 3%”, disse. O presidente do BC relatou que, desde que assumiu o cargo, o índice ficou fora da meta em todos os meses. “Em 11 meses, eu descumpri a meta em todos os meses”, afirmou.
Ele reconheceu ainda que deve completar todo seu mandato sem ver a inflação convergir para o centro do objetivo. Ele citou as projeções do Boletim Focus que apontam IPCA persistentemente acima da meta até 2028. “Quando eu olho para projeções futuras, vejo no Focus que o Banco Central não vai cumprir a meta durante todo meu mandato”, afirmou.
Apesar disso, Galípolo afirmou que o BC “vai continuar obedecendo o comando legal” e usando os juros para frear a escalada dos preços. “De maneira nenhuma esse vai ser o Banco Central que vai desrespeitar o comando que emana de quem recebeu o voto”, disse.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.



