COP30
UE rejeita rascunho de novo acordo da COP30: ‘Inaceitável’
A proposta também é criticada por organizações como o Greenpeace e o Observatório do Clima
A União Europeia (UE) classificou o rascunho apresentado pelo Brasil na cúpula climática como “inaceitável”, por excluir qualquer referência a um plano para eliminar os combustíveis fósseis. A nova proposta de acordo foi apresentada nesta sexta-feira 21.
O ministro do Clima da Dinamarca, Lars Aagaard, que lidera as negociações em nome do bloco europeu, criticou duramente o texto e disse que seria preferível não ter nenhum documento a ter um sem menção aos hidrocarbonetos.
“Estamos confrontando a realidade de um cenário sem acordo”, declarou Aagaard à imprensa, antes de destacar que a redução das emissões globais é “fundamental”. O ministro dinamarquês disse que a UE fará todo o possível para “reforçar a ambição pela mitigação” no documento.
Apesar do impasse, o dirigente rejeitou a ideia de abandonar a mesa de negociação neste momento.
O segundo rascunho apresentado pelo Brasil elimina a referência a um plano global para abandonar o uso de petróleo, carvão mineral e gás natural, principais fontes do aquecimento global. A ideia foi lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas enfrentou forte resistência do grupo de países produtores de petróleo.
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, fez um apelo para que os países destravem as negociações. “Se não chegarmos a um acordo e não implementarmos o que está no Acordo de Paris , todos vão perder”, disse.
A sociedade civil também se opôs ao rascunho, visto como um retrocesso uma vez que a COP28, de Dubai, já havia apontado para a necessidade de transição, embora sem mencionar como ou quando.
O coletivo científico Observatório do Clima afirmou que o atual texto é “desequilibrado”. “Os rascunhos apresentados são fracos nos pontos em que avançam e omissos [em relação aos combustíveis fósseis].”
Em nota, a diretora-executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, disse que a resolução é “praticamente inútil”. “Contribui muito pouco para reduzir a lacuna de ambição de 1,5°C [de aquecimento] e para pressionar os países a acelerarem suas ações. Não há outra opção senão os países rejeitá-lo e devolvê-lo à presidência para revisão”, disse.
(Com DW)
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