Do Micro Ao Macro
Empreendedorismo negro cresce e amplia impacto comunitário no Brasil
Pesquisa mostra como o empreendedorismo negro impulsiona renda, fortalece redes locais e transforma a relação entre pequenos negócios e suas comunidades.
O empreendedorismo aparece como força central entre brasileiros negros que iniciam pequenos negócios. Segundo o estudo GEM, realizado por Sebrae e ANEGEPE, 77% desse grupo afirma empreender para fazer diferença no mundo, frente a 68% dos empreendedores brancos.
Logo depois, o levantamento indica que a motivação coletiva orienta modelos de negócio e redes de apoio criadas por mulheres e homens negros.
Vivência
Para Fau Ferreira, gestora nacional de Afroempreendedorismo no Sebrae, empreendedores negros estruturam negócios conectados às demandas da comunidade. Ela afirma que mulheres negras lideram iniciativas coletivas, lojas colaborativas e associações.
O caso de Jeniffer Rodrigues mostra essa dinâmica. A empreendedora criou a Afro Brand, em Nova Iguaçu, após adotar cabelos crespos e buscar referências ligadas à própria identidade. A marca trabalha com moda inclusiva e atende mulheres de diferentes perfis.
Jeniffer afirma que a relação com o Sebrae foi decisiva para o início das atividades. Ela destaca que o empreendedorismo exige disciplina, gestão e orientação técnica.
Em 2022, Jeniffer ingressou no Projeto SIGA Varejo de Moda. Ela passou por capacitações e mentorias e reforçou conhecimentos sobre gestão. Segundo ela, o avanço do empreendedorismo negro no país é perceptível e estimula novas iniciativas.
Desafios do empreendedorismo negro
Fau Ferreira explica que o maior desafio é garantir faturamento recorrente. Ela destaca a dificuldade de acesso a crédito enfrentada por mulheres negras, que muitas vezes não possuem garantias exigidas por instituições financeiras.
Mesmo assim, negócios como o de Jeniffer alcançam novos mercados. A Afro Brand já realizou vendas para os Estados Unidos e ampliou sua base de clientes.
Jeniffer afirma que empreendedores negros ocupam novos espaços e fortalecem marcas com identidade própria. Ela destaca que o empreendedorismo negro representa autonomia e construção coletiva.
Empreendedorismo e impacto comunitário
A pesquisa relembra que o empreendedorismo negro mobiliza redes locais de produção e amplia circulação de renda em bairros periféricos. Iniciativas lideradas por mulheres e homens negros conectam identidade, negócios e comunidade, criando impacto que ultrapassa a lógica do lucro individual.
O movimento reforça o papel do empreendedorismo como ferramenta de transformação social em diferentes regiões do país.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.



