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Alemanha vai voltar a exportar armas para Israel
Decisão do governo alemão suspende embargo parcial que havia sido imposto há três meses, e condiciona novas exportações à manutenção do cessar-fogo com o Hamas e entrada de ajuda humanitária em Gaza
A Alemanha suspendeu um embargo à venda de armas para Israel nesta segunda-feira 17, revertendo uma decisão tomada há três meses, quando sancionou o país pelo conflito em Gaza. A medida terá validade a partir de 24 de novembro.
O país europeu, segundo maior exportador de armas para Israel, anunciou em agosto a restrição de parte das exportações de armamentos para o país.
A decisão afetou armas e sistemas que poderiam ser usados em Gaza, mas não outros considerados necessários para que Israel se defendesse de ataques externos, incluindo componentes para a marinha do país. Em setembro, porém, o licenciamento de novas exportações militares a Israel chegou a zero.
Contudo, o governo alemão condicionou a retomada da venda de armamento à manutenção do cessar-fogo celebrado entre Israel e o grupo Hamas.
A trégua é “a base para esta decisão, e esperamos que todos cumpram os acordos que foram feitos – isso inclui manter o cessar-fogo”, afirmou um porta-voz do governo alemão.
“Isso também significa que a ajuda humanitária seja fornecida em grande escala e que o processo continue de forma ordenada, conforme acordado”, acrescentou.
A Alemanha permanece comprometida em apoiar uma paz duradoura entre Israel e os palestinos com base na solução de dois Estados e continuará engajada no apoio à reconstrução em Gaza, disse o porta-voz. O país europeu é um dos mais firmes apoiadores de Israel, principalmente por culpa histórica pelo Holocausto nazista – uma política informal conhecida como “razão de Estado”.
Merz pressionado para levantar embargo
O chanceler federal alemão, Friedrich Merz, foi alvo de duras críticas de seu próprio partido ao suspender as entregas de armamentos. À época, a medida foi justificada como uma resposta ao plano de Israel do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de expandir operações em Gaza.
A decisão marcou uma mudança significativa na política de Berlim, que inicialmente havia aumentado as exportações de armas para Israel como demonstração de solidariedade após o atentado de 7 de outubro de 2023.
De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), a Alemanha forneceu 30% das principais importações de armas de Israel entre 2019 e 2023, principalmente equipamentos navais, incluindo fragatas da classe Sa’ar 6 (MEKO A-100 Light Frigates), que foram utilizadas em Gaza.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, elogiou no X a decisão de levantar o embargo. “Conclamo outros governos a adotarem decisões semelhantes, seguindo a Alemanha”, escreveu. Seu homólogo alemão, Johann Wadephul, disse que a medida é “responsável e correta” e que o cessar-fogo deve ser sustentável.
(DPA, Reuters)
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