Upskilling ganha força e redefine a preparação das empresas para a era da IA

O avanço da inteligência artificial movimenta mais de 1 trilhão de dólares no mundo, segundo a Gartner, mas a adoção efetiva dessa tecnologia depende de pessoas. O estudo AI Radar 2025, da BCG, aponta que 70% do valor gerado por projetos de IA está ligado a profissionais e processos, e não somente às ferramentas. Esse cenário impulsiona o foco das empresas em upskilling, estratégia de formação contínua para preparar times para mudanças aceleradas.

Além disso, a adoção crescente da IA generativa exige competências como pensamento crítico, rapidez de adaptação, colaboração entre áreas e criatividade. As empresas vêm reconhecendo que essas habilidades pedem treinamento, acompanhamento e uma política estruturada de desenvolvimento.

Upskilling na prática

O upskilling se refere ao processo de aprimorar, de forma contínua, as habilidades de profissionais para que acompanhem transformações tecnológicas e organizacionais. Ele difere de treinamentos pontuais por criar uma trilha permanente de aprendizado.

Para Rodrigo Peçanha, Chief Human Resources Officer da Zup, preparar equipes para a IA envolve enxergar tecnologia e pessoas como fatores interdependentes. “O futuro da IA é sobre potencializar profissionais. Queremos liderar a adoção prática dessa tecnologia, mas de um jeito que ela fortaleça a capacidade de entrega do nosso time.”

Segundo o executivo, a Zup estruturou um núcleo que mapeia competências, define trilhas de formação e acompanha resultados. Esse papel é exercido pelo time de Autoridade Tech, responsável por orientar o upskilling e integrar desenvolvimento, cultura e estratégia.

A empresa também incentiva o uso da IA em todas as áreas e funções, estimulando uma rotina em que testar ferramentas faz parte do trabalho. A intenção é que qualquer profissional enxergue valor no uso cotidiano da tecnologia.

Future Minds e IA generativa

Empresas que adotam upskilling mostram impacto direto em produtividade e retenção. A Zup é um desses exemplos com o Future Minds, seu maior programa de qualificação em IA generativa. Mais de 85% dos funcionários participaram de três semanas de atividades, totalizando 36 horas de conteúdo ao vivo sobre fundamentos técnicos e aplicação prática, com uso da StackSpot AI, plataforma multiagentes da empresa focada em desenvolvimento de software.

Antes das aulas, a Zup realizou um assessment interno para medir o nível de familiaridade dos profissionais com IA. As turmas foram divididas entre iniciante, intermediário e avançado. As etapas incluíram fundamentos de IA, redes neurais, algoritmos generativos e técnicas de fine-tuning.

O programa reforça a ideia de inovação distribuída, em que diferentes áreas encontram soluções próprias para desafios cotidianos. Para orientar esse uso de forma segura, as ferramentas internas de IA seguem regras de governança que garantem padronização e reuso.

Aprendizado contínuo e tendências globais

A capacitação em IA acompanha uma tendência global de fortalecimento de competências digitais. Relatório da KPMG e da University of Melbourne mostra o Brasil entre os países que mais avançam em treinamento corporativo em IA, com 47% das organizações em estágios avançados de qualificação. O World Economic Forum aponta que profissionais têm hoje mais que o dobro de chances de desenvolver habilidades em IA do que em 2018.

Para Peçanha, esse movimento abre vantagem competitiva. “Nosso papel é inspirar o time, estimular o uso da IA no dia a dia e garantir que o aprendizado continue evoluindo. Agora avançamos para a segunda etapa do nosso programa de upskilling, com foco em Agentic AI, evolução baseada em múltiplos agentes capazes de dar mais autonomia aos fluxos de trabalho automatizados.”

A expansão do upskilling demonstra que a formação contínua se tornou peça central para que empresas aproveitem o potencial da IA e mantenham profissionais preparados para novas demandas.