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Alemanha detecta vírus selvagem da pólio em águas residuais
É a primeira vez que cepa natural do patógeno da poliomielite é identificada na Europa desde 2010. Risco à população é considerado baixo
A forma selvagem do vírus da poliomielite foi encontrada em uma amostra de esgoto em Hamburgo, na Alemanha, segundo informaram as autoridades nesta quinta-feira 13. Esta é a primeira vez que o poliovírus tipo 1 é detectado na Europa desde 2010.
A poliomielite, ou pólio, pode causar paralisia permanente e morte. Como o contato com o vírus geralmente ocorre na infância, a doença também é chamada de paralisia infantil. Outros possíveis sintomas incluem febre, náusea, dor de garganta, dor abdominal, dor muscular, dor de cabeça e meningite.
Cerca de 1 em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível e, entre esses pacientes, até 10% morrem. Não há cura, mas a doença é prevenível por vacinação, e os casos globais foram reduzidos em 99% desde o início das campanhas de vacinação em massa, em 1988.
No caso da Alemanha, o risco para a população é considerado muito baixo devido às altas taxas de vacinação e à detecção ter ocorrido de forma isolada em águas residuais. Não há relatos de infecção no país.
Último caso confirmado há três décadas
Existem duas formas de poliomielite circulantes: a pólio selvagem, forma natural do vírus, e a pólio derivada da vacina oral, cujo patógeno foi enfraquecido. Ambas podem causar paralisia e morte, mas a pólio selvagem é mais rara e atualmente endêmica apenas no Afeganistão e no Paquistão.
Segundo o Instituto Robert Koch (RKI), agência federal da Alemanha responsável pela prevenção e controle de doenças, a cepa encontrada no esgoto alemão está ligada à que circula no Afeganistão.
Ainda de acordo com o RKI, os dois últimos casos confirmados em um paciente de poliomielite selvagem no país europeu foram registrados em 1992.
Já a forma derivada da vacina, o poliovírus tipo 2, é mais comum. Ela vem sendo encontrada em amostras de esgoto de vários locais na Alemanha e outros países da Europa desde o final do ano passado.
Essa forma surge do uso da vacina oral contra a pólio, que contém o vírus vivo enfraquecido. Após serem vacinadas, as crianças eliminam o vírus nas fezes por algumas semanas. Em comunidades com baixa cobertura vacinal, o patógeno pode se espalhar e sofrer mutações, voltando a uma versão nociva do vírus, que causa algumas centenas de casos por ano globalmente, principalmente em países como o Iêmen e a Nigéria.
Amostras em águas residuais
Amostras de águas residuais das principais cidades alemãs são continuamente testadas para poliovírus pelo RKI e pela Agência Alemã de Meio Ambiente.
Muitos países coletam amostras de esgoto para monitorar a propagação da pólio. A detecção na Alemanha é um sinal de que o sistema está funcionando bem, segundo especialistas.
Outras regiões livres da pólio selvagem já tiveram detecções recentes ou até surtos, quando o vírus é importado. Por exemplo, em 2022, Malawi e Moçambique tiveram surtos – com casos de pólio selvagem após anos sem registros – ligados à cepa que circulava no Paquistão. No Brasil, o último caso de infecção pelo poliovírus selvagem ocorreu em 1989.
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