Política
Quem são os integrantes do ‘núcleo 3’ da trama golpista, que vão a julgamento no STF a partir desta terça
O grupo tem nove militares do exército e um agente da Polícia Federal
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começa a decidir, às 9h desta terça-feira 11, o futuro dos integrantes do chamado ‘núcleo 3’ da trama golpista que, segundo a Procuradoria-Geral da República, atuou para tentar virar a mesa e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022. O grupo que vai a julgamento é composto por nove militares do exército e um agente da Polícia Federal.
Segundo as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR), os integrantes do núcleo 3 executaram “ações táticas” para a tentativa de golpe. O grupo tem os chamados “kids pretos”, militares das Forças Especiais do Exército, além do agente da PF Wladimir Matos Soares, escalado para trabalhar na posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023. Segundo a investigação, Soares forneceu informações sobre o evento ao grupo golpista.
A denúncia apresentada pela PGR aponta que os militares citados se envolveram do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de Lula, de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do STF – integrante da Primeira Turma.
Segundo as investigações, os acusados também estiveram envolvidos em movimentações internas nas Forças Armadas e na elaboração da chamada “Carta ao Comandante do Exército”, documento no qual oficiais pressionaram por medidas de ruptura. Alguns teriam, ainda, atuado em esquemas logísticos de armas, munições e viaturas militares nos dias que antecederam os ataques de 8 de Janeiro de 2023.
A lista completa de acusados é a seguinte:
- Bernardo Romão Correa Netto (coronel);
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira (general da reserva);
- Fabrício Moreira de Bastos (coronel);
- Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel);
- Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel);
- Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel);
- Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel);
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel);
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel); e
- Wladimir Matos Soares (agente da Polícia Federal).
Os dez são acusados dos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Inicialmente, o grupo tinha 12 integrantes. Entretanto, as denúncias contra dois militares, o general Nilton Diniz Rodrigues e o coronel da reserva Cleverson Ney Magalhães, foram rejeitadas pelo Supremo, que entendeu não haver indícios mínimos que justificassem a abertura de um processo criminal contra a dupla.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou ao Supremo que Theophilo, à época chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, “aceitou coordenar o emprego das forças terrestres conforme as diretrizes do grupo”. Já o agente da PF, segundo a denúncia, foi flagrado em áudios afirmando que estar “preparado para prender” o Moraes e que iria “matar meio mundo de gente”.
Segundo a PGR, Soares e os militares Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo “lideraram ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas”. Esse grupo teria sido responsável pelo plano chamado de Copa 2022, de monitoramento do ministro do STF. Outros sete militares foram acusados de “promover ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe”.
A Polícia Federal concluiu que o plano para assassinar Moraes em 15 de dezembro de 2022 não foi adiante devido à recusa do comando do Exército de aderir ao golpe de Estado.
“Apesar de todas as pressões realizadas, o general Freire Gomes e a maioria do alto comando do Exército mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado. Tal fato não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do ato final e, por isso, o então presidente da República Jair Bolsonaro, apesar de estar com o decreto pronto, não o assinou. Com isso, a ação clandestina para prender/executar ministro Alexandre de Moraes foi abortada”, diz o relatório da PF.
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