Sociedade
Sindicato questiona Nubank após demissão de 12 funcionários críticos ao retorno presencial
As dispensas ocorreram logo após uma reunião virtual com o CEO, David Vélez, e os milhares de empregados do banco
O Sindicato dos Bancários de São Paulo se manifestou nesta segunda-feira 10 sobre as demissões realizadas pelo Nubank na última sexta-feira 7. As dispensas ocorreram logo após uma reunião virtual com o CEO, David Vélez, em que foi anunciado aos milhares de funcionários o retorno gradual ao modelo semipresencial de trabalho.
Pelo plano, os colaboradores deverão comparecer ao escritório dois dias por semana até 1º de julho de 2026, e três dias a partir de 1º de janeiro de 2027 — uma mudança expressiva em relação ao regime atual, que exige apenas uma semana presencial por trimestre.
Ao menos 12 funcionários foram demitidos após se manifestarem de forma crítica às novas regras. De acordo com informações do Valor Econômico, alguns deles teriam se exaltado durante a videoconferência, utilizando linguagem considerada agressiva no chat.
“Confundiram um canal corporativo com rede social ou arquibancada de estádio”, escreveu Vélez em resposta a um comentário no LinkedIn que questionava as demissões.
O sindicato pede que não haja retaliação contra quem se posicionou durante o encontro e cobra transparência nos critérios adotados. Os relatos dos trabalhadores demitidos, aponta o sindicato, divergem das justificativas apresentadas pela empresa em reunião com a entidade.
Em nota, o Nubank destacou que, na manhã anterior às demissões, havia se comprometido a manter um diálogo constante com o Sindicato, por meio de reuniões periódicas, para acompanhar a transição ao novo modelo híbrido.
O episódio se soma a outras tensões recentes no setor bancário. No Itaú, por exemplo, a mudança nas formas de trabalho também provocou atritos: o banco demitiu cerca de mil funcionários alegando “baixa produtividade” no home office. Assim como no caso do Nubank, o sindicato criticou a falta de diálogo e de critérios transparentes, apontando um padrão de conflito entre bancos e trabalhadores diante das transformações no mundo do trabalho.
Em contato com a reportagem após a publicação desta matéria, o Nubank afirmou que os funcionários não foram demitidos por discordar das novas regras do modelo de trabalho, mas por apresentarem uma conduta inadequada durante a reunião virtual.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.


