COP30
A resposta – e o convite – de Helder Barbalho a Trump: ‘Esperamos você com um tacacá’
O presidente dos EUA citou, nas redes, a derrubada de árvores para construção de uma rodovia em Belém; governador rebateu
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), não deixou sem resposta uma postagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a realização da COP30 em Belém. Negacionista climático, o líder norte-americano não mandou representantes de seu governo ao Brasil e faz críticas públicas ao evento.
No domingo 9, Trump usou sua rede social, a Truth, para compartilhar um vídeo da emissora conservadora dos EUA Fox News sobre a construção da Avenida Liberdade, uma nova via expressa na capital paraense, que teria, segundo a emissora, causado a destruição de um trecho da floresta amazônica.
“Destruíram completamente a floresta amazônica no Brasil para construir uma rodovia de quatro pistas para os ambientalistas viajarem. Isso virou um grande escândalo!”, escreveu Trump ao compartilhar o vídeo.
A resposta de Helder Barbalho veio pelo X (antigo Twitter). O governador replicou um post que foi feito por conta usada por apoiadores de Trump para trazer à rede de Elon Musk as manifestações do presidente na Truth Social e disparou:
“Em vez de falar de estradas, o presidente norte-americano deveria apontar caminhos contra as mudanças climáticas. Poderia celebrar a redução histórica no desmatamento da Amazônia – com destaque para o estado do Pará, que obteve o seu melhor resultado. Ou, no mínimo, seguir o exemplo do Governo do Brasil e investir mais de US$ 1 bilhão para salvar florestas no mundo”.
O governador ainda ironizou a ausência de Trump na Conferência em Belém, e reforçou o “convite” para que o presidente dos EUA compareça ao evento. Após as reuniões de líderes, realizadas na última semana, a COP30 começou oficialmente nesta segunda-feira 10 e vai até o próximo dia 21.
“Ainda dá tempo de passar na COP30, presidente Trump. Esperamos você com um tacacá. É melhor agir do que postar”, escreveu Helder.
A Avenida Liberdade
Projetada há mais de dez anos, a Avenida Liberdade saiu do papel em Belém às vésperas da COP30. Embora não tenha sido concebida para a COP, a obra foi associada ao evento e criticada por movimentos sociais.
O governo paraense afirmou que a via foi projetada e construída junto a um linhão de energia, e a vegetação no traçado já tinha sido suprimida antes. Com a obra, segundo a gestão Helder, os tempos de deslocamento na cidade serão menores e 17,7 mil toneladas de CO₂ deixarão de ser emitidas por ano.
O governo federal também se manifestou sobre o tema depois que a rede britânica BBC fez uma reportagem sobre o tema com o título “A estrada construída para a COP30 em Belém que vai desmatar a Amazônia”, na tradução para a língua portuguesa.
A Secretaria Extraordinária para a COP30, vinculada à Casa Civil da Presidência, afirmou que a obra “não é de responsabilidade do governo federal ou faz parte das 33 obras de infraestrutura previstas para a realização da COP30”.
“Salientamos que o título da notícia, em inglês e em português, desinforma o leitor, à medida que induz, de forma equivocada, a relação entre a obra e as ações do governo federal para a preparação da Conferência e que ficarão de legado à população da cidade”, complementa a nota.
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