Do Micro Ao Macro
Contra terrorismo nutricional, healthtech aposta em inteligência artificial para ajudar com dietas realistas
Startup brasileira usa inteligência artificial para apoiar nutricionistas, ajustar planos alimentares e reduzir desistências em processos de emagrecimento
Uma solução criada para aproximar nutricionistas e pacientes tem ganhado espaço no mercado de nutrição digital. A FitLab, healthtech fundada pela empresária Renata Ikeda, utiliza inteligência artificial generativa para criar planos alimentares personalizados, acompanhar a rotina alimentar e ajustar metas de forma automática caso o usuário mude a dieta. A plataforma já movimentou mais de R$ 6,3 milhões e contabiliza quase 100 mil pessoas impactadas.
Renata, que atuou por anos no setor de eletrônicos, decidiu migrar de carreira após uma trajetória pessoal de perda de peso. Em 2020, durante o primeiro ano da pandemia, lançou o aplicativo com foco em consultas remotas. “Construí uma carreira sólida, mas faltava propósito. A experiência pessoal me mostrou que era possível levar saúde com praticidade e acesso”, afirma.
Mercado em expansão
A empreendedora faz parte das mais de 10 milhões de mulheres donas de negócios no Brasil. Segundo o levantamento GEM/Sebrae de 2025, elas representam cerca de um terço dos empreendedores do país. Entre empresas com até 3,5 anos de operação, a participação feminina chega a 46,8%.
Renata relata que enfrentou resistência no início da operação e episódios de machismo em negociações com investidores. “Ouvi que faltava um ‘cara de negócios’. Na verdade, faltavam pessoas dispostas a acreditar em mulheres com visão e resultados”, diz.
Inteligência Artificial a serviço dos nutricionistas
O aplicativo permite que profissionais criem seus próprios sistemas de atendimento digital. A plataforma automatiza parte do trabalho manual, organiza planos alimentares e acompanha resultados. Mais de 1,3 milhão de refeições já foram adicionadas pelos usuários.
A healthtech integrou ferramentas de inteligência artificial generativa capazes de analisar fotos de bioimpedância, cruzar dados e sugerir ingestão calórica e metas de macronutrientes. O sistema também oferece cardápios ajustados ao perfil e à rotina de cada paciente.
“Muitos profissionais têm receio de serem substituídos pela tecnologia, mas a proposta é complementar o trabalho. A inteligência artificial otimiza processos e amplia a capacidade de atendimento”, afirma Renata.
Inteligência artificial permite ajuste em tempo real
A FitLab também monitora a alimentação registrada pelo usuário e recalcula metas quando há desvios do plano alimentar. “Se a pessoa sair da dieta, o app orienta como retomar o equilíbrio sem terrorismo nutricional”, explica. O acompanhamento é feito a partir das diretrizes definidas pelo nutricionista responsável.
Profissionais que utilizam a plataforma destacam que o modelo permite planos mais flexíveis. Uma nutricionista usuária desde 2023 afirma que a ferramenta contribui para adesão. “O aplicativo respeita hábitos regionais e rotina de cada pessoa, o que torna a jornada mais realista para o paciente”, diz.
Impacto e representatividade
Para outras empreendedoras, Renata afirma que o mercado tem espaço para lideranças femininas. “Críticas e negativas me tiraram da zona de conforto. Transformaram o projeto e a empresa”, afirma. Segundo ela, existirão novos desafios, mas a consolidação da nutrição digital abre caminho para modelos de atendimento com menor abandono e maior continuidade dos pacientes.
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