Do Micro Ao Macro
Com a fome em queda no Brasil, segurança alimentar ganha novo impulso
Com avanço na redução da fome, soluções de biotecnologia e novos ingredientes fortalecem a segurança alimentar e ampliam o acesso à nutrição.
A segurança alimentar no Brasil registrou avanços importantes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2024 teve o menor índice de fome dos últimos 20 anos. O número de brasileiros que vivem em lares com insegurança alimentar grave — ou seja, que enfrentam a fome diariamente — caiu 23,5% em apenas um ano. Dois milhões de pessoas deixaram essa condição, passando de 8,47 milhões em 2023 para 6,48 milhões em 2024.
Apesar da melhora, o tema continua sendo um desafio. O relatório O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025, da FAO, indica que entre 2022 e 2024 cerca de 28,5 milhões de brasileiros enfrentaram algum grau de insegurança alimentar, sendo 7,1 milhões em situação de fome extrema. Hoje, o debate vai além do acesso à comida: envolve também qualidade nutricional, acessibilidade e sustentabilidade.
Inovação e segurança alimentar
Com a redução da fome, cresce o interesse por soluções que melhorem a qualidade da alimentação. Startups e centros de pesquisa têm investido em tecnologias capazes de ampliar o valor nutricional dos alimentos e reduzir custos de produção. Uma das apostas é a fermentação de micélio — estrutura que forma a base dos cogumelos — usada como fonte alternativa de proteína.
A Typcal, empresa brasileira que atua com esse tipo de fermentação, é uma das iniciativas que buscam unir biotecnologia e nutrição. O micélio pode ser cultivado com baixo impacto ambiental, sem depender de clima ou grandes áreas de plantio, e apresenta alto teor de proteínas, fibras e minerais. Pesquisadores e analistas do setor apontam que tecnologias desse tipo podem contribuir para o fortalecimento da segurança alimentar, especialmente em regiões com menor acesso a alimentos frescos.
Alimentação saudável e acessível
Embora o país tenha avançado no combate à fome, o consumo elevado de ultraprocessados e o preço alto dos alimentos in natura seguem como obstáculos. O desafio agora é equilibrar quantidade e qualidade, garantindo que a alimentação saudável seja acessível à maioria da população.
Especialistas defendem que ampliar a segurança alimentar exige combinar políticas públicas, inovação tecnológica e educação nutricional. O uso de novas proteínas e ingredientes desenvolvidos em laboratório aponta para um novo estágio na construção de sistemas alimentares mais diversos, sustentáveis e voltados à qualidade da nutrição no Brasil.
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