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China inicia operações do seu terceiro porta-aviões
Embarcação possui tecnologia que, até então, só estava disponível na frota dos EUA
A China anunciou nesta sexta-feira 7 o início das operações de seu terceiro porta-aviões, o primeiro equipado com um sistema eletromagnético de lançamento de aeronaves, o que representa uma etapa crucial na modernização de sua Marinha em comparação com os Estados Unidos.
A moderna tecnologia de lançamento, que até agora apenas os Estados Unidos possuíam, permite ao navio, o Fujian, lançar uma variedade maior de aviões, com mais armamentos e maior alcance operacional do que seus dois antecessores.
Apesar dos avanços e envolvida em uma rivalidade naval com Washington no Mar do Sul da China e ao redor de Taiwan, Pequim ainda está muito atrás em termos de capacidade de mobilização, segundo a maioria dos analistas.
O Fujian, que efetuou os primeiros testes em 2024, entrou oficialmente em serviço durante uma cerimônia na quarta-feira 5 na província insular de Hainan, na presença do presidente Xi Jinping, informou a agência estatal de notícias Xinhua.
Mais de 2 mil pessoas compareceram ao evento, informou a agência, que descreveu um “ambiente de entusiasmo”.
“Após a cerimônia, Xi Jinping subiu a bordo do Fujian (…) e foi informado sobre o desenvolvimento das capacidades de combate do sistema do porta-aviões e sobre a construção e aplicação do sistema eletromagnético de lançamento”, acrescentou a agência.
O Fujian, de propulsão convencional e não nuclear, é o maior e mais avançado dos porta-aviões chineses.
O país asiático já contava com o Liaoning, de design soviético e comprado da Ucrânia em 2000, e o Shandong, o primeiro construído na China, que entrou em operação em 2019.
Por não possuir uma catapulta, os dois são equipados com uma rampa que não permite que os aviões decolem com tanta potência. Isso os obriga a carregar menos armas e combustível.
“Equilíbrio de forças”
O Fujian, por outro lado, está equipado com um sistema eletromagnético “EMALS”. A maioria das catapultas clássicas dos porta-aviões funciona a vapor, uma tecnologia menos eficiente.
O único outro porta-aviões atualmente equipado com este sistema é o Gerald R. Ford, da Marinha dos Estados Unidos.
Em setembro, a China divulgou vídeos de decolagens e pousos de aeronaves, incluindo seu caça J-35 de quinta geração, a partir do Fujian.
O canal estatal CCTV elogiou um “marco importante” na modernização da Marinha.
“Nenhum país ocidental, exceto os Estados Unidos, opera um porta-aviões de tamanho e capacidades semelhantes”, destacou à AFP Alex Luck, especialista em armamento naval.
“Ainda passarão vários anos antes que este porta-aviões alcance uma capacidade de combate real. A China precisará de vários porta-aviões deste tipo para realmente alterar o equilíbrio de forças”, disse.
Nos últimos anos, a passagem de porta-aviões de Pequim pelo Mar do Sul da China, perto de ilhas em disputa, e ao redor de Taiwan, reivindicada por Pequim, provocou apreensão em Washington.
O investimento chinês na modernização de suas Forças Armadas também gera preocupações entre seus vizinhos, mas Pequim insiste que tem uma política militar “defensiva” e que deseja apenas preservar sua soberania.
Além disso, persistem os rumores sobre a construção de um quarto porta-aviões, que poderia entrar em serviço no início da década de 2030.
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