Recurso do petróleo será fundamental para financiar transição energética, diz Lula em artigo sobre a COP

O presidente Lula (PT) voltou a defender o uso do dinheiro obtido com a exploração de petróleo pela Petrobras no financiamento da transição energética do País. O tema foi abordado em novo artigo do petista sobre a COP30, publicado nesta quinta-feira 6 pelo jornal O Globo.

A posição já havia sido destacada por Lula poucos dias após o Ibama liberar a busca de petróleo na Margem Equatorial, nos arredores da foz do rio Amazonas. A autorização, apesar de ser defendida pelo presidente, é duramente criticada por especialistas e se tornou alvo de ações judiciais. O argumento nos processos é de que a exploração de petróleo fere tratados ambientais assinados pelo governo brasileiro.

Para Lula, porém, a busca pelo combustível fóssil seria apenas um degrau na escalada pela transição. O político tem dito que o dinheiro obtido com a venda do óleo será usado em boa parte para aumentar os investimentos em energia limpa e outra ações contra a mudança do clima.

“Direcionar recursos da exploração do petróleo para financiar a transição energética justa, ordenada e equitativa será fundamental”, escreveu o presidente no artigo. “As empresas petroleiras do mundo, como a brasileira Petrobras, com o tempo se transformarão em empresas de energia, porque é impossível seguir indefinidamente com um modelo de crescimento baseado nos combustíveis fósseis”, destacou, em seguida.

Ainda na defesa da exploração do petróleo na Margem Equatorial, Lula tem dito que o Brasil já possui uma das matrizes de energia mais limpas do mundo. O argumento é de que o combustível fóssil seria uma fatia pequena no bolo de energia produzido do País. A alegação voltou a ser feita pelo presidente no artigo publicado nesta quinta-feira.

“Nossa matriz energética é uma das mais limpas do mundo, com 88% da eletricidade vinda de fontes renováveis. Somos líderes em biocombustíveis e avançamos na energia eólica, solar e hidrogênio verde”, descreveu.

No texto, Lula ainda destacou os novos compromissos do Brasil com ações de combate ao aquecimento global e sintetizou as bandeiras que levantará na COP30, a ser realizada dentro de poucas semanas em Belém, no Pará. Segundo o presidente, temas como o fundo de preservação das florestas e a criação de novos fóruns globais estarão entre as demandas do País na Conferência do Clima.

O presidente, por fim, anotou que as propostas brasileiras aos demais líderes mundiais também deverão abordar a questão da fome. “Não podemos esquecer que 2 bilhões de pessoas não têm acesso à tecnologia e combustíveis limpos para cozinhar; 673 milhões de pessoas ainda vivem com fome no mundo”, citou. “Em resposta a isso, lançaremos, em Belém, uma Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima. É essencial que o compromisso da luta contra o aquecimento global esteja diretamente relacionado ao combate à fome”, completou.