Futebol por Elas
A força que transcende a foto
Quem são as responsáveis pela imagem esportiva da semana
“O tumulto começou porque os jogadores do Murici alegavam irregularidade no gol. O goleiro foi mais incisivo na argumentação, o que gerou a imagem”, destaca a fotógrafa. Enquanto ao redor predominava exaltação e revolta, a assistente de arbitragem Raquel Barbosa exalava serenidade.
Raquel, a protagonista da foto, é ligada ao esporte desde a infância. Praticou várias modalidades até optar pelo curso de arbitragem, profissão que já exerce há quase 10 anos. Para ela, a grande repercussão da imagem não era esperada, tendo em vista que, na situação, estava apenas exercendo seu trabalho.
Um olhar feminino para a situação
Talvez, um dos motivos da força transmitida pela imagem é o olhar também feminino responsável pela fotografia. A jornalista Pei Fon, por estar inserida no ambiente esportivo, conhece os desafios aos quais as mulheres – sejam elas repórteres ou árbitras – estão sujeitas.
A fotógrafa revela, ainda, que a intenção, na hora, era de poder auxiliar Raquel e tirá-la do local, temendo uma agressão. “Os seguranças estavam demorando a chegar e, no futebol, isso é possível. Já presenciei algumas reclamações mais quentes onde foi preciso conter os ânimos. O futebol é agressivo e quando você se sente injustiçado a tendência é reclamar”.
Raquel, por outro lado, conta que em nenhum momento temeu por tal atitude, e que se sente realizada ao ver a sua imagem relacionada à força feminina no esporte. “Fico muito feliz e quero muito ser uma forma de incentivo sobre como se portar sempre de forma ética no campo e não se desmerecer por ser mulher. A foto retrata a resistência feminina no esporte pois mostra que as mulheres têm, sim, capacidade física e psicológica para atuar nesse meio”, finaliza.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.



