Política

Morre aos 100 anos Clara Charf, militante histórica e viúva de Marighella

A ativista estava hospitalizada em São Paulo

Morre aos 100 anos Clara Charf, militante histórica e viúva de Marighella
Morre aos 100 anos Clara Charf, militante histórica e viúva de Marighella
Foto: MDHC
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Morreu nesta segunda-feira 3, aos 100 anos, a ativista Clara Charf, histórica militante de esquerda e viúva de Carlos Marighella. A alagoana dedicou quase 80 anos à justiça social no País.

Clara morreu de causas naturais, após ter sido entubada em um hospital em São Paulo, cidade em que viveu com a irmã nos últimos sete anos. As informações foram divulgadas pela Associação Mulheres da Paz, presidida por ela desde 2005, quando reuniu uma lista coletiva de 100 mulheres para serem reconhecidas pelo Nobel da Paz.

Não foi somente nas campanhas nacionais contra a violência doméstica que Clara se destacou. Na política, sua atuação foi amplamente influenciada pelas participações no movimento estudantil sob a ditadura militar. Após passar pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e pela Aliança Libertadora Nacional (ALN), filiou-se ao PT, em 1979, aproveitando-se da Lei da Anistia.

Em uma publicação nas redes sociais, o presidente Lula (PT) afirmou que “com seu falecimento, o Brasil perde uma mulher extraordinária”. “E eu perco uma companheira de muitas caminhadas. Clara atravessou seu século de vida com uma flexibilidade bonita de quem sabia compreender o novo sem abandonar seus princípios, de quem olhava o mundo com lucidez e coração aberto.”

“Clara foi grande”, resumiu em comunicado a Associação Mulheres Pela Paz. “Foi do tamanho dos seus 100 anos. Difícil dizer que ela apagou. Porque uma vida com tamanha luminosidade fica gravada em todas e todos que tiveram o enorme privilégio de aprender com ela. Vá em paz, querida guerreira.”

“Corajosa, generosa, combativa”

A trajetória de Clara na política começou antes da ditadura, quando ela passou a integrar o PCB. Posteriormente, na ALN,  conheceu seu companheiro Carlos Marighella, com quem foi casada durante 20 anos.

Antes de ser presa e exilada — inicialmente em Cuba —, lutou para superar obstáculos familiares por se envolver com um “preto, comunista e cristão” , segundo registros. Com o marido, coordenou o movimento feminista do partido, auxiliando outras mulheres de oposição ao regime.

Além de integrar também a Secretaria de Mulheres do PT e o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Clara deixa um importante legado para o País na promoção dos direitos humanos.

O velório está marcado para esta segunda-feira, das 18h às 21h, no Cemitério São Paulo, em Pinheiros. Depois, o corpo será levado ao Crematório da Vila Alpina.

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