Economia
Câmara da França rejeita imposto sobre grandes fortunas
A proposta consistia em aplicar uma alíquota anual de 2% sobre patrimônios superiores a 100 milhões de euros
A Câmara Baixa da França rejeitou nesta sexta-feira 31 um imposto sobre o patrimônio proposto pela esquerda, que havia ameaçado derrubar o governo caso não fosse incluído no Orçamento um tributo sobre os mais ricos.
A França está sob pressão para aprovar o Orçamento antes do fim do ano, a fim de controlar seu déficit e sua dívida crescente, mas os esforços têm sido dificultados por um impasse político.
Um bloco de esquerda formado pelos partidos Socialista, Comunista e os Ecologistas, com a formação de extrema-esquerda A França Insubmissa, propôs a chamada “taxa Zucman”, que consistia em aplicar uma alíquota anual de 2% sobre patrimônios superiores a 100 milhões de euros (115 milhões de dólares).
No entanto, os deputados da Assembleia Nacional rejeitaram a medida nesta sexta-feira, com 228 votos contra e 172 a favor.
“Sua intransigência está levando-o pelo caminho errado”, declarou o deputado socialista Boris Vallaud, dirigindo-se ao primeiro-ministro Sébastien Lecornu, presente na votação desta sexta. “Desde que estamos nesta câmara, não houve o menor compromisso”, afirmou Vallaud.
Por sua vez, Lecornu expressou seu “profundo desacordo” com a proposta do imposto sobre o patrimônio, afirmando que não existe nenhum “imposto milagroso”.
Laurent Wauquiez, líder parlamentar do partido conservador Os Republicanos (LR), celebrou o resultado da votação e afirmou que o imposto “destruiria empregos e a atividade econômica”.
Lecornu, o terceiro primeiro-ministro do país em pouco mais de um ano, prometeu aprovar um Orçamento depois que o Parlamento derrubou seus dois antecessores devido a propostas de cortes de gastos.
O primeiro-ministro evitou uma moção de censura contra seu governo no início deste mês ao aceitar suspender uma reforma previdenciária muito impopular, sob pressão dos socialistas.
A França está mergulhada em um impasse político desde que o presidente Emmanuel Macron convocou eleições legislativas antecipadas no ano passado, com a esperança de consolidar seu poder.
No entanto, seu bloco centrista perdeu a maioria, a extrema direita ganhou assentos e o Parlamento ficou dividido.
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