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Massacre inútil

As facções criminosas estão mais poderosas e não vão desaparecer com a execução de seus integrantes, como aposta o governador do Rio

Massacre inútil
Massacre inútil
Familiares das vítimas enfileiraram corpos na Praça São Lucas para denunciar a violência policial e apontar sinais de execuções sumárias – Imagem: Pablo Porciuncula/AFP
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A violência é a maior preocupação dos brasileiros em diversas pesquisas. Por trás do medo está o crime organizado. O PCC, de São Paulo, e o Comando Vermelho, do Rio, são as maiores entre 88 facções mapeadas pelo Ministério da Justiça. Grupos do gênero espalham-se nas ruas e nos negócios, estão por trás de muitos dos 40 mil assassinatos anuais e ajudam a, digamos, girar a roda da economia. A um ano das eleições, a população vê em cena dois modelos para enfrentar o problema. Um é do governo Lula, cristalizado em operações da Polícia Federal de agosto que atingiram o mercado financeiro e tomaram 1,2 bilhão de ­reais do PCC. Sem disparar um único tiro. É a aposta na inteligência. O outro é o do governador Cláudio Castro, do Rio, que prefere o confronto e acaba de liderar a maior chacina policial da história do Brasil, graças a uma violenta incursão no quartel-general do CV. Certos governadores direitistas apoiam a solução “tiro, porrada e bomba” e viajaram ao Rio para parabenizar Castro pela matança.

A operação nos Complexos da Penha e do Alemão provocou 121 mortes, na última contagem do governo fluminense antes da conclusão desta reportagem, em 30 de outubro, número superior aos 111 mortos do Massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo. Castro terá de dar um número definitivo de mortos em 3 de novembro ao juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Outros dois esclarecimentos cobrados pela Corte, a pedido do Conselho Nacional de Direitos Humanos: qual a justificativa formal da carnificina e qual o tamanho prévio da força que seria usada?

A Operação Policial superou a trágica marca do massacre do Carandiru e tornou-se a mais letal do País

Foi “terrorismo de Estado”, na visão do jurista Walter Maierovitch, desembargador aposentado, e cabe falar em impeachment de Castro. O governador sente-se vitorioso. Considera a operação um “sucesso” e diz que, de vítima, ali, só havia os quatro policiais mortos. Em tese, o plano era cumprir mandados de prisão contra 100 acusados de tráfico, alguns dos quais estavam escondidos no QG do CV para fugir da Justiça de outros estados.

Castro mentiu no dia da chacina. Declarou ter pedido ajuda ao governo federal. Mais tarde reconheceu que não foi bem assim. Houve requisições de carros blindados ao longo dos anos, mas nada específico para a Operação Contenção, de 28 de outubro. Brasília sempre respondeu que, antes de ceder os veículos, teria de ouvir do Rio a admissão de incapacidade de lidar com a situação e um apelo pela decretação de Garantia da Lei e da Ordem, a GLO. Na prática, significaria o Rio abrir mão de autoridade e sair de cena para o governo Lula assumir o leme via Forças Armadas.

A operação para cumprir uma centena de mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho aterrorizou moradores dos Complexos da Penha e do Alemão. Quem tentou escapar pela mata caiu em uma emboscada da polícia. Até a quinta-feira 30 o governo fluminense contabilizava 121 mortos – Imagem: Mauro Pimentel/AFP, Agência Brasil, Getty/AFP e Pablo Porciuncula/AFP

O assunto “GLO” foi discutido por auxiliares presidenciais no dia da matança e prevaleceu a visão de que Lula não deveria entrar de cabeça no caso, por haver risco de que a crise caísse no seu colo. A popularidade do petista melhorou, mas não há gordura para queimar. O crime, em especial o organizado, é um problema real no País, o PT inclusive fará em dezembro um seminário sobre segurança pública e dará prioridade ao tema no programa de governo de 2026. Além do mais, em viagem recente à Ásia, Lula tinha dado uma declaração mal formulada sobre traficantes serem “vítimas” dos usuários de drogas. O comentário era a propósito da investida de Donald Trump no Caribe contra o tráfico. O senador Flávio Bolsonaro quer que o norte-americano mande os marines para a Baía de Guanabara.

Castro mentiu ao acusar o Governo Federal de recusar ajuda. O pedido de GLO jamais foi apresentado

Ministros de Lula foram cuidadosos ao comentar o horror no Rio. Nada de condenação veemente da letalidade policial. Inclusive, por não se saber inicialmente ao certo a identidade dos corpos, quase metade dos quais retirada de uma mata pelos próprios moradores dos complexos do Alemão e da Penha. Em 2010, a comunidade tinha visto uma invasão policial e militar, combinada pelo governo Lula de então e o governador da época, Sérgio Cabral. Era o início das UPPs, iniciativa destinada a tirar traficantes do controle de favelas e permitir a oferta posterior de serviços públicos e de emprego para a comunidade. Uma semana de ação terminou com 39 cadáveres. Não foram mais, pois os traficantes fugiram pela mata. Essa mata foi deliberadamente usada pela PM fluminense agora. O plano foi empurrar os traficantes para ela, onde a polícia estava pronta para metralhar.

“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, escreveu Lula no ex-Twitter. “Foi exatamente o que fizemos em agosto na maior operação contra o crime organizado da história do País.” Essa visão foi apresentada também em um vídeo publicitário que o governo colocou nas redes sociais. Segundo o vídeo, matar criminosos não resolve o problema, pois logo haverá outros para assumir os negócios. Não parece que o CV tenha perdido o controle do QG atacado pela polícia.

“Medir força armada com o tráfico é um erro conceitual e estratégico repetido há décadas”, afirma o sociólogo José Cláudio Souza Alves, da Universidade Federal Rural Fluminense, um estudioso do crime organizado no Rio. “É palanque eleitoral do governador, para dizer que bandido bom é bandido morto.” O deputado Glauber Braga, do PSOL do Rio, lembra que Castro fez o mesmo ao preparar a reeleição. Promoveu, em 2021 e 2022, as duas maiores chacinas policiais do Rio até então: a do Jacarezinho (28 mortos) e a da Vila Cruzeiro (22). O governador quer disputar o Senado, a menos que fique inelegível no Tribunal Superior Eleitoral em julgamento marcado para 4 de novembro. E faz dobradinha discreta com Flávio Bolsonaro, que tentará renovar o mandato, caso não seja escalado pelo pai para desafiar Lula. “O que aconteceu nos complexos do Alemão e da Penha faz parte de um projeto de poder desse grupo político”, diz Braga, ao comentar o episódio e debruçar-se sobre uma pesquisa a apontar Castro em terceiro na corrida ao Senado, atrás de Flávio e da petista Benedita da Silva. A propósito, Braga cogita concorrer ao governo contra o prefeito Eduardo Paes, recém-aliado ao PL de Castro.

Se a Justiça Eleitoral permitir, Castro tem planos de se candidatar ao Senado. Lewandowski entregou a Lula um projeto antifacções – Imagem: Agência Brasil e Pablo Porcicuncula/AFP

Após algumas alfinetadas no caminho linha-dura do governador do Rio, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foi ao encontro dele, por ordem presidencial. Ficou acertada a criação de um escritório emergencial com as duas partes, a fim de que a comunicação e a busca de soluções sejam mais rápidas. Será, nas palavras do ministro, o “embrião” do “entrosamento” entre forças de segurança tal qual proposto pelo governo ao Congresso em abril, na PEC da Segurança Pública. “O crime organizado está altamente sofisticado”, declarou Lewandowski, ao anunciar o “escritório”.

Um de cada cinco brasileiros diz morar em bairro dominado pelo crime organizado ou pela milícia, de acordo com pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública ao Datafolha. O quadro agravou-se neste ano e é ainda pior no Nordeste e nas capitais. A atuação muito além de fronteiras estaduais, e até do País, leva o governo a defender que o combate às facções tenha coordenação nacional. Pela Constituição, cuidar da segurança pública é atribuição dos governadores, e o Palácio do Planalto quer mudar o texto para fazer funcionar melhor o Sistema Único de Segurança Pública, criado por lei em 2018. A proposta de abril é isso. Haveria diretrizes e estratégias comuns para todos os estados, além de garantias de que verbas setoriais não seriam bloqueadas pela equipe econômica.

Marivaldo Pereira, secretário nacional de Assuntos Legislativos, vinculado ao Ministério da Justiça, cita o combate ao “novo cangaço” como exemplo do que melhoraria com a PEC. O “novo cangaço” mira cidades pequenas ou médias, onde há menos policiais. Mobiliza homens com antecedentes, veículos (roubados), armas e dinheiro, muitas vezes obtidos em um estado diferente daquele onde o crime será cometido. Um governo pode identificar essa movimentação e alertar os demais. Segundo Pereira, a PEC não foi votada ainda por ser complexa. Antes de ficar pronta, era alvo de críticas de governadores direitistas, caso de Castro. Claro, eles preferem deixar tudo do jeito que está para continuarem a enfrentar o problema à bala, de olho nas urnas. No embalo da carnificina no Rio, Lula e seus ministros voltaram a insistir na votação da PEC. O relator na Câmara dos Deputados em uma comissão especial promete um parecer em novembro.

O governador e o Ministro da Justiça anunciaram a criação de um “escritório emergencial”

No Senado, será instalada, em 4 de novembro, a CPI do Crime Organizado, requerida em junho pelo senador policial Alessandro Vieira, do MDB de Sergipe, que deve tentar se reeleger em 2026. Segundo ele, “não é pauta eleitoreira, é urgência nacional”. E é. Hoje existem “franquias” do PCC e do CV no Nordeste, por exemplo, diz um delegado da Polícia Federal. A aliança interessa aos grupos paulista e carioca por causa do controle de rotas do tráfico de drogas. As franquias, prossegue o policial, costumam ser ainda mais violentas do que a turma do Sudeste, a fim de exibir força e poder.

Na semana anterior ao massacre no Rio, a polícia paulista tinha feito uma operação contra um plano do PCC de matar um promotor, Lincoln Gakiya, e o chefe dos presídios no oeste do estado, Roberto Medina. Gakiya investiga a facção paulista faz duas décadas e é jurado de morte. Foi quem pediu, em 2019, a transferência de líderes do PCC para presídios federais, mais rigorosos. Para ele, a facção mudou de estatura e atingiu o status de máfia, caracterizado por misturar negócios legais e ilegais, usar a intimidação como método e possuir código de conduta para membros e territórios controlados. Operações recentes da PF e de forças estaduais mostraram o PCC envolvido em produção de agrotóxicos, venda de combustíveis e até comércio de brinquedos. E também em lavagem de dinheiro na alta roda financeira paulista, como se viu na Operação Carbono Oculto, de agosto. A necessidade de apostar na inteligência para asfixiar financeiramente o crime organizado tem sido um mantra de ministros lulistas.

Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, feito em parceria com uma instituição inglesa, mapeou e dimensionou a presença do crime organizado em quatro atividades legais: comércio de combustíveis, bebidas, cigarros e ouro. O giro anual seria de 146 bilhões de reais. Desde 2023, o Fórum tem sido cada vez mais procurado por empresários cismados de que facções estão em suas cadeias produtivas. “Eles estão envolvidos em teias criminosas e não sabem ao certo, querem ter certeza”, conta Alan Fernandes, conselheiro do Fórum.

O chefe da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse em uma entrevista em 20 de outubro que a penetração do crime organizado na economia formal não é recente, mas se acentuou. Delegados na linha de frente do combate às facções dizem que a tecnologia e o mundo digital colaboram para diversificar os negócios delas e para botar o pé na Faria Lima. Um exemplo são as fintechs. Estas se assemelham a bancos, e muitas vezes são iguais a um. Em algumas hipóteses, não precisam sequer alimentar o Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro. Mantido pelo Banco Central, esse cadastro, conhecido como CCS, é uma lista de correntistas e das instituições onde eles guardam o dinheiro. Uma fintech pode trabalhar com conta-bolsão, a serviço de vários clientes ao mesmo tempo. Quando a Justiça determina a quebra do sigilo de uma conta dessas, não aparecem o CPF e o CNPJ de ninguém, exceto o da fintech. Ficar invisível, um paraíso para criminosos.

Outra novidade, contam delegados, é o poder bélico alcançado pelo crime organizado, como visto na reação do CV à PM fluminense. Audácia nunca faltou às facções. Em 2003, o PCC matou um juiz na cidade paulista de Presidente Prudente e, três anos depois, parou a cidade de São Paulo em resposta à decisão do governo estadual de transferir líderes da facção para presídios de segurança máxima. Agora, há mais instrumentos à disposição da ousadia. Os autores do plano de assassinar Gakiya alugaram uma casa próxima à do promotor e usaram um drone para conhecer a rotina dele, conforme descoberto no celular de traficantes presos em julho. Para o promotor, a morte dele e de Medina completariam o serviço iniciado em setembro com o homicídio de outro pioneiro na investigação do PCC, o delegado civil aposentado Ruy Ferraz, em Praia Grande, litoral de São Paulo.

No Rio, os traficantes do CV usaram drones para jogar granadas na polícia. Não é difícil comprar um equipamento desses na internet. Idem para armas de estilo militar, como fuzis. Estes estão mais presentes nas ruas, inclusive, por decisões do governo Bolsonaro. Recorde-se: o capitão incentivou a existência de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores de armas), hoje um batalhão de 992 mil civis armados, e aumentou os limites de compra de fuzis e munições. Em julho do ano que vem, vencem os registros dos CACs, e a PF pretende fazer uma limpa no cadastro.

Sem disparar um único tiro, operação da PF sequestrou 1,2 bilhão de reais do PCC

Um delegado experiente na investigação de facções afirma, sem medo de errar, que a maior parte dos fuzis do crime organizado não é mais de fora do Brasil. É feita aqui dentro, em fábricas clandestinas que usam impressoras 3D e peças avulsas importadas separadamente. Em agosto, a PF fechou uma fábrica dessas em Santa Bárbara d’Oeste, no interior paulista, que era capaz de produzir 3,5 mil fuzis por ano e os negociava com o Comando Vermelho. Uma história iniciada em 2023, com a apreensão de 47 fuzis em uma mansão no Rio. Aquelas armas estavam com um “empresário”, Silas Diniz Carvalho, que era dono de uma indústria moveleira em Minas Gerais, utilizada também para fabricar armamento. A unidade em Santa Bárbara nasceu, mesmo com Carvalho em prisão domiciliar, a fim de contornar o desmantelamento da unidade mineira. Agora em outubro, a PF foi às ruas na Operação Forja para prender outros envolvidos no esquema de Carvalho.

Permitir a decretação de intervenção judicial em empresas associadas ao crime organizado é uma das medidas da Lei Antifacção preparada pelo Ministério da Justiça. Lula ainda precisa dar aval, antes de o projeto ir ao Congresso. Atacar as organizações criminosas enquanto estruturas empresariais é um dos pilares da proposta de Lewandowski. Outras medidas que vão nessa linha são a autorização legal para infiltrar firmas fictícias em esquemas e a ampliação das possibilidades de confisco do patrimônio de réus e investigados. O projeto prevê ainda novas medidas investigatórias. Conversas entre advogados e detentos seriam todas gravadas, para impedir que líderes de facções que estão em presídios transmitam ordens para a tropa nas ruas. Isso já ocorre nos cinco presídios federais, não nos estaduais. Outra medida seria permitir que um delator continue a trabalhar para o crime e seja um espião. Pela lei atual, um delator precisa comprometer-se a abandonar qualquer atividade criminosa logo de cara.

A facção paulista, investigada há duas décadas pelo promotor Lincoln Gakiya agora lava dinheiro em bancos da Faria Lima. Grande parte dos fuzis que abastecem o crime organizado vem de fábricas clandestinas – Imagem: Nelson Almeida/AFP, GOVSP e Agência Câmara

A proposta tem ainda um pilar punitivista. A pena máxima para um participante de organização criminosa subiria de oito para dez anos. Ficaria criado um ilícito novo, o da “organização criminosa qualificada”, com pena de até 15 anos e caráter hediondo. Esse tipo penal seria caracterizado por domínio territorial e controle de atividade econômica pelos criminosos. Em certos morros do Rio, o correio não entra, as encomendas são entregues em um depósito, e os moradores precisam buscar ou pagar uma taxa de entrega à facção. Pedágios assim são exigidos também para o morador ter água, luz e internet. “Tem que retomar o controle territorial, sem isso não há como combater as facções”, afirma um delegado. O Ministério da Justiça finalizará em breve um projeto piloto de retomada territorial, similar à experiência das UPPs. O teste deverá ser feito em uma cidade do Nordeste.

O desafio do crime organizado é tão grande que o presidente Lula acaba de sancionar uma lei de autoria de um arqui-inimigo, o senador Sergio Moro. Essa lei busca punir quem atrapalha a investigação de facções e tem dispositivos para proteger as forças de segurança que estão na linha de frente no combate às organizações criminosas. •

Publicado na edição n° 1386 de CartaCapital, em 05 de novembro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Massacre inútil’

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