CartaCapital

assine e leia

Diplomacia/ Deu match?

Foto de Lula e Trump bate recorde de visualizações nas redes sociais

Diplomacia/ Deu match?
Diplomacia/ Deu match?
O clã Bolsonaro parece invejar a “química” da dupla – Imagem: Ricardo Stuckert/PR
Apoie Siga-nos no

Se o encontro entre Lula e Donald Trump em Kuala Lumpur ainda não trouxe alívio às tarifas impostas pelos EUA, a foto do descontraído aperto de mãos já rendeu dividendos políticos ao petista. Publicada nas redes sociais, a imagem alcançou 72 milhões de visualizações, 778 mil menções, 22 milhões de curtidas e 7,5 milhões de compartilhamentos no Instagram, X, TikTok e ­Facebook, segundo levantamento da ­Quaest. Mais popular que o registro de Lula de sunga ao lado de Janja, em 2021, a cena do encontro deixou os bolsonaristas desorientados, sem conseguir esboçar uma reação.

Incomodado com a “química” entre os dois presidentes e com a perda de interlocução com Washington, o deputado Eduardo Bolsonaro não conteve a dor de cotovelo. “Precisamos aprender a diferenciar narrativa de realidade, jornalismo de assessoria”, escreveu, antes de tentar justificar seu insólito raciocínio. “Foto com Trump seria vitória se fosse um governo de direita. No caso de Lula, simboliza derrota e pequenez diante da força inequívoca do presidente Trump.” Indiferente à bajulação, o líder norte-americano parabenizou Lula pelo aniversário e manteve o suspense sobre um possível acordo. “Tivemos uma ótima reunião, vamos ver o que acontece.”

Trégua comercial

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping anunciaram, na quinta-feira 30, um acordo para aliviar as tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Washington concordou em reduzir algumas tarifas, enquanto Pequim se comprometeu a garantir, por um ano, o fornecimento de terras-raras, essenciais para setores estratégicos como defesa e tecnologia. Trump considerou o encontro “um grande sucesso” e destacou que os chineses também adotarão medidas para frear o comércio ilegal de fentanil. Os EUA enfrentam uma epidemia de opioides, que provoca mais de 200 mortes diárias por overdose, e acusam países como China e México de negligência – frequentemente usada como justificativa para retaliações comerciais.

Sudão/ Massacre em maternidade

OMS denuncia a execução de 460 pacientes em meio à guerra civil

Em dois anos, o conflito matou ao menos 150 mil sudaneses – Imagem: STR/AFP

A Organização Mundial da Saúde denunciou, na quarta-feira 29, a execução de 460 pacientes e acompanhantes em uma maternidade de El-Fasher, cidade sudanesa recém-tomada por forças paramilitares. Profissionais de saúde também foram sequestrados, informou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que classificou o episódio como “profundamente chocante” e pediu um cessar-fogo imediato. A milícia Forças de Apoio Rápido (RSF), comandada pelo general Mohamed Hamdan Dagalo­, assumiu o controle de toda a região de Darfur no último domingo 26. Desde abril de 2023, a OMS já havia registrado 185 ataques contra unidades de saúde no país, resultando em 1.204 mortes e 416 feridos, números que não incluem as vítimas da maternidade.

O organismo internacional reforça que todas as agressões contra hospitais e profissionais de saúde devem cessar sem condições, e exige proteção para pacientes, trabalhadores e instalações médicas, em respeito ao direito humanitário. Especialistas estimam que a guerra civil sudanesa deixou entre 150 mil e 400 mil mortos desde o seu início, há dois anos.

Argentina/ Cheque em branco

Milei triunfa nas eleições legislativas e ganha fôlego para suas reformas

O argentino contou com um bilionário socorro dos EUA – Imagem: Luis Robayo/AFP

Com um empurrão bilionário de Donald Trump, o ultradireitista Javier Milei triunfou nas eleições legislativas da Argentina, que renovaram parte das cadeiras da Câmara dos Deputados e do Senado. Contrariando as previsões dos institutos de pesquisa, o governista La Libertad Avanza obteve quase 41% dos votos e venceu em 15 das 24 províncias, incluindo Buenos Aires, o maior colégio eleitoral do país e tradicional reduto do peronismo.

O partido de Milei passará de 37 para 80 deputados e de 6 para 18 senadores, segundo a projeção do diário argentino La Nación. Ainda dependerá do apoio do PRO, sigla do ex-presidente Mauricio Macri, e de outras legendas menores para aprovar suas reformas, mas sai das cordas e retira da oposição a capacidade de derrubar vetos presidenciais a projetos que, segundo o atual mandatário, ameaçam o equilíbrio fiscal do país. Com 31,6% dos votos, o bloco peronista manteve seus 99 ­deputados, embora a bancada no Senado tenha recuado de 34 para 28 integrantes.

O resultado surpreendeu analistas, adversários e o próprio governo. Milei enfrenta diversos escândalos que vinham corroendo sua popularidade, como a promoção de uma duvidosa criptomoeda que gerou graves prejuízos a investidores, o envolvimento da irmã em um esquema de propina na distribuição de medicamentos para pessoas com deficiência e a renúncia do principal candidato a deputado do Libertad Avanza na província de Buenos Aires, ligado a um empresário acusado de tráfico de drogas nos EUA.

Com o peso artificialmente valorizado, a Argentina precisou recorrer ao governo dos EUA. Trump prometeu 20 bilhões de dólares em contratos de swap e outros 20 bilhões por meio de crédito privado com bancos, a exemplo do J.P. Morgan. O presidente norte-americano condicionou, porém, o socorro cambial à vitória de seu aliado nas legislativas. “Se Milei não ganhar, não seremos generosos com a Argentina”, afirmou Trump, 12 dias antes da votação. Aparentemente, os hermanos cederam à chantagem.

Execuções extrajudiciais

Os EUA bombardearam mais quatro embarcações no Pacífico, supostamente ligadas ao tráfico de drogas. “Um total de 14 narcoterroristas foi eliminado, com um sobrevivente. Todos os ataques ocorreram em águas internacionais, sem causar danos às forças norte-americanas”, anunciou o secretário da Defesa, Pete Hegseth, na terça-feira 28. Com isso, a campanha antinarcóticos de Washington já provocou 57 mortes, principalmente no Mar do Caribe. “Execuções extrajudiciais”, afirmou o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ao comentar as operações.

Publicado na edição n° 1386 de CartaCapital, em 05 de novembro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo