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Eleição antecipada na Holanda é considerada um teste para extrema-direita na Europa

A campanha eleitoral, marcada pela violência e desinformação, foi concentrada em temas migratórios e na crise imobiliária que abala o país

Eleição antecipada na Holanda é considerada um teste para extrema-direita na Europa
Eleição antecipada na Holanda é considerada um teste para extrema-direita na Europa
Geert Wilders, chamado de Trump holandês, testa sua influência nas eleições do país. Foto: Sem van der Wal / ANP / AFP
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A Holanda celebra eleições legislativas antecipadas nesta quarta-feira 29 sem favoritos claros, uma votação em que o partido de extrema-direita de Geert Wilders espera repetir os bons resultados registrados há dois anos.

“Neste momento, é impossível saber quem vencerá as eleições, porque há quatro partidos empatados em primeiro lugar”, declarou à AFP Sarah de Lange, professora de Política na Universidade de Leiden. “Além disso, mais de 50% dos eleitores ainda não decidiram seu voto”.

Embora as últimas pesquisas sugiram uma vitória do Partido pela Liberdade (PVV), de extrema-direita, parece pouco provável que Wilders consiga se tornar primeiro-ministro.

O político provocou a antecipação das eleições quando seu partido abandonou, em junho, a coalizão de governo por divergências com os outros três partidos sobre a política de asilo.

Os partidos tradicionais descartaram a possibilidade de uma nova aliança com Wilders porque consideram que ele não é confiável.

O fragmentado sistema político holandês implica que nenhum partido pode alcançar os 76 assentos necessários para governar sozinho, o que exige consensos e a formação de coalizões.

“O futuro da nossa nação está em jogo”, declarou Wilders à AFP. “Como em toda a Europa, as pessoas estão cansadas da imigração em massa, da mudança cultural e da chegada de pessoas que realmente não pertencem culturalmente a este lugar”, afirmou Wilders, conhecido como o “Trump holandês”.

O resultado da eleição na Holanda, a quinta maior economia da União Europeia, será um termômetro do poder da extrema-direita no continente, onde partidos similares lideram as pesquisas na França, Alemanha e Reino Unido.

Negociações

A campanha eleitoral, marcada pela violência e desinformação, foi concentrada em temas migratórios e na crise imobiliária que abala o país.

Como os outros partidos excluíram Wilders, é muito provável que o candidato que ficar em segundo lugar se torne primeiro-ministro.

Um nome forte é o de Frans Timmermans, um experiente ex-vice-presidente da Comissão Europeia que se apresenta como uma aposta segura após meses de caos.

“Este é um dos países mais ricos do planeta e, no entanto, a confiança em si mesmo é muito baixa”, declarou Timmermans, que lidera a aliança de esquerda Verde/Trabalhista, em uma entrevista à AFP.

“Temos que recuperar a confiança porque não há nenhum problema que não possamos resolver”, afirmou Timmermans, 64 anos, que também já foi ministro das Relações Exteriores.

Genri Bontenbal, líder dos democrata-cristãos do CDA, aposta na estabilidade para vencer as eleições. “Acredito sinceramente que os holandeses não são extremistas em nenhum dos lados”, declarou à AFP.

“A maioria dos holandeses quer políticas moderadas do centro político”, acrescentou o político de 42 anos, que não viaja em um avião privado desde 2006 por razões climáticas.

Rob Jetten, de 38 anos, o candidato do partido centrista D66, subiu nas pesquisas graças ao discurso com mensagem positiva e à sua presença constante nos meios de comunicação.

Embora o resultado seja incerto, o que é certo é que as negociações para formar uma coalizão levarão meses. O último governo precisou de 223 dias para sua formação.

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