Economia
Alckmin critica Tarcísio e Eduardo por atuações contra o Brasil no tarifaço
Em entrevista ao ‘ICL Notícias’, o vice-presidente disse que o governo Lula está otimista nas negociações com Donald Trump
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) criticou, nesta segunda-feira 27, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelas ‘posturas lamentáveis’ adotadas nos meses que se seguiram ao anúncio do tarifaço de Donald Trump sobre os produtos brasileiros. As declarações foram dadas em entrevista ao site ICL Notícias.
Enquanto Eduardo se esforçava para que as autoridades dos EUA aplicassem sanções ao Brasil e aos brasileiros (e celebrava quando isso acontecia), Tarcísio tentou responsabilizar Lula após o anúncio de Trump, em julho. O governador ainda precisou caminhar na corda bamba entre a lealdade a Jair Bolsonaro (PL) e o temor por prejuízos à economia paulista.
Governador de São Paulo por quatro mandatos (ele ocupou a cadeira entre 2001 e 2006 e, depois, entre 2011 e 2018), o hoje vice-presidente questionou a postura de Tarcísio, atual ocupante da cadeira.
“Em relação ao tarifaço, [quero] lamentar a postura do governador de São Paulo. O estado de São Paulo é um dos mais prejudicados pelo tarifaço. Não é possível aplaudir o presidente dos Estados Unidos em um momento desses”, disparou. “[SP] É onde está mais fortemente a indústria. E a indústria é a mais afetada pelo tarifaço, porque é para os Estados Unidos que a gente exporta mais valor agregado e mais manufatura”, emendou o pessebista.
Mais adiante, Alckmin passou a mirar Eduardo Bolsonaro ao tratar da taxação contra o Brasil. “Eu lamento que o Congresso Nacional tenha parlamentar pago com dinheiro público fora do País, trabalhando contra o emprego no Brasil, contra as empresas no Brasil, tentando prejudicar a economia brasileira”, afirmou.
Reunião Lula-Trump
O tarifaço, aliás, deu o tom da conversa de Alckmin com os jornalistas do ICL. Após a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Trump, na Malásia, o vice-presidente disse estar ainda mais otimista por negociações que façam diminuir as taxas. Ao tratar do tema, o vice-presidente citou a instalação de datacenters no Brasil, as terras raras e o agronegócio como temas na mesa.
Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi um dos nomes escalados por Lula para as negociações com os EUA desde o início da crise. Ele disse que ainda não tem reuniões presenciais previstas com lideranças dos EUA, mas que vê “um caminho bom pela frente para poder avançar”.
E 2026?
Cotado para concorrer ao Senado ou até mesmo para disputar um retorno ao governo de São Paulo nas próximas eleições, o vice-presidente desconversou quando perguntado sobre 2026. “Estamos em ano ímpar. Tem ‘um século’ aí pela frente”, disse.
Alckmin foi perguntado, também, sobre uma possível mudança de partido da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Atualmente filiada ao MDB, ela pode migrar para o PSB, legenda do vice-presidente, para buscar uma vaga no Senado por São Paulo.
“Tenho enorme carinho e admiração pela Simone Tebet. É uma decisão que ela precisa avaliar. Certamente o fará em momento oportuno. Mas tem todas as credenciais, espírito público, liderança para essas missões. […] O PSB ficará honrado em recebê-la. Mas a gente não deve criar constrangimentos. Vamos deixar que haja uma reflexão”, resumiu.
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