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Navio de guerra dos EUA chega a Trinidad e Tobago, em frente à Venezuela

Caracas acusa o novo governo trinitário de servir aos interesses de Washington

Navio de guerra dos EUA chega a Trinidad e Tobago, em frente à Venezuela
Navio de guerra dos EUA chega a Trinidad e Tobago, em frente à Venezuela
O navio de guerra USS Gravely em Port of Spain, em 26 de outubro de 2025. Foto: Martin Bernetti/AFP
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Um navio de guerra americano chegou neste domingo 26 a Trinidad e Tobago, pequeno arquipélago localizado em frente à costa da Venezuela, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensifica sua pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

O destróier USS Gravely foi visto na manhã de domingo no litoral da capital, Port of Spain, segundo jornalistas da AFP.

A chegada do navio e de uma unidade de fuzileiros navais para realizar exercícios conjuntos com o exército local havia sido anunciada na quinta-feira pelo governo de Trinidad e Tobago, país de língua inglesa com 1,4 milhão de habitantes. O destróier permanecerá atracado na capital até quinta-feira.

Desde agosto, Washington tem enviado navios de guerra ao Caribe e conduz ataques aéreos contra embarcações de supostos narcotraficantes.

Os Estados Unidos também anunciaram a intenção de enviar à região o porta-aviões Gerald R. Ford, o maior do mundo, um reforço significativo da presença militar americana no Caribe. Na sexta-feira, Maduro classificou a movimentação como uma tentativa de “inventar uma nova guerra”.

Trump acusa o presidente venezuelano de chefiar redes de tráfico de drogas, algo que Maduro nega categoricamente. O líder venezuelano afirma que Washington usa o narcotráfico como pretexto para tentar impor uma mudança de regime e se apropriar das vastas reservas de petróleo do país.

“Entre dois muros”

Em Port of Spain, parte da população aprova a presença americana próxima às costas venezuelanas.

“Há um bom motivo para trazerem o navio de guerra. É para ajudar a limpar os problemas de drogas que há no território venezuelano”, disse Lisa, moradora de 52 anos. “É por uma boa causa, muita gente será libertada da opressão” e do “crime”, acrescentou.

Outros moradores, porém, expressaram preocupação com a possibilidade de uma intervenção militar. 

“Se acontecer algo entre Venezuela e Estados Unidos, podemos acabar levando golpes”, teme Daniel Holder, de 64 anos. “As pessoas não percebem o quão sério é isso agora, mas coisas podem acontecer aqui.”

A primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, é uma aliada de Trump e, desde que assumiu o cargo em maio, tem adotado um discurso duro contra a imigração e a criminalidade venezuelana no país.

Caracas acusa seu governo de agir em favor dos interesses de Washington. Persad-Bissessar “convida os Estados Unidos” quando “deveria se manter neutra” e deixar que os dois países resolvam suas diferenças “em vez de tentar se colocar no meio”, lamentou Holder, comparando a situação a “estar entre dois muros”.

Segundo dados do governo americano, os ataques realizados desde agosto deixaram 43 mortos em dez bombardeios contra supostas embarcações de tráfico em águas internacionais do Caribe e do oceano Pacífico.

Famílias trinitárias afirmam que dois cidadãos locais morreram nestes bombardeios em meados de outubro, mas as autoridades não confirmaram as mortes.

Especialistas questionam a legalidade das operações.

“Não precisamos de todos esses assassinatos e bombardeios, só precisamos de paz… e de Deus”, disse Rhonda Williams, recepcionista de 38 anos.

Para o venezuelano Ali Ascanio, que vive há oito anos em Trinidad e Tobago, a chegada do destróier “é alarmante, porque sabemos que é um sinal de guerra”, mas ele espera que a pressão de Washington leve Maduro a “sair logo”.

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