Parlatório

CPI do HSBC recusa quebra de sigilo de Benjamin Steinbruch

O bilionário dono da CSN, que tinha a maior fortuna brasileira na filial suíça do banco, foi poupado pelos senadores

CPI do HSBC recusa quebra de sigilo de Benjamin Steinbruch
CPI do HSBC recusa quebra de sigilo de Benjamin Steinbruch
Paulo Rocha (centro) e Randolfe Rodrigues (à direita) durante a CPI do HSBC: a comissão avança pouco
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A CPI do HSBC recusou, na terça-feira 30, a quebra de sigilo de Benjamin Steinbruch, principal acionista da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que possuía, junto com familiares, a maior conta brasileira no banco, no valor de 543 milhões de dólares. O pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário parte de denúncias de que o HSBC teria ajudado seus clientes a sonegar impostos devidos em seus países.

Antes da votação de terça-feira, o senador e vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), autor dos requerimentos para quebra de sigilo, disse que a comissão está trabalhando “há 50 dias e não fez quase nada” e acrescentou: “Se não tomarmos providência, não fizermos convocações, não quebrarmos sigilos e não aprofundarmos investigações, não há razão de esta CPI existir”.

O presidente da CPI, senador Paulo Rocha (PT-PA), informou que enviou correspondência com pedido de informação sobre as operações para uma lista elencada a partir de nomes divulgados pelo do jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, e também pelo jornal O Globo. “Alguns responderam, outros não. Assim, a CPI decidiu avançar com o pedido de quebra de sigilo”, explicou Paulo Rocha.

Steinbruch teria recebido essa correspondência da CPI, mas se recusou a responder alegando ilegalidade da lista de suspeitos da comissão. Randolfe acrescentou que as correspondências e os requerimentos de quebra de sigilo foram feitos com base em informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) – que apontou a existência de operações financeiras atípicas.

Ciro Nogueira (PP-PI) fez campanha a favor de Steinbruch, alegando que a investigação contra o bilionário empresário poderia ter repercussões negativas para a economia brasileira: “Quebrar o sigilo de um empresário multinacional não é tão simples, pois pode ter repercussão até em bolsas de valores”.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) sinalizou que vai apresentar um requerimento para Steinbruch depor na CPI. Otto Alencar também disse que os senadores não podem atuar como “advogados dos suspeitos”: “A CPI precisa investigar e, para isso, precisamos de matéria-prima, que é a quebra de sigilo”.

O senador Paulo Bauer (PSDB-SC) pediu bom senso e sugeriu a retirada de pauta do requerimento e o envio de mais correspondências para os investigados, como no caso do apresentador de TV Carlos Roberto Massa, conhecido como Ratinho, e o de sua esposa, Solange Martinez Massa, para os quais a CPI vai pedir mais esclarecimentos. Paulo Bauer lembrou que muitas das pessoas citadas pela imprensa como suspeitos de operações irregulares com o HSBC ainda não têm uma acusação formal e observou que quando o Coaf diz que uma operação financeira é atípica, não quer dizer que é, necessariamente, ilegal. “Quebrar sigilo não é um ato político, mas jurídico. Eu não quero que haja pré-julgamento”, afirmou.

Pedidos aprovados

Dentre os pedidos de quebra de sigilo aprovados está o Paulo Celso Mano Moreira e Ademir Venâncio de Araújo, ex-diretores do Metrô de São Paulo. O período em que tiveram conta no HSBC da Suíça seria coincidente com o tempo em que foram diretores.

A CPI também aprovou o pedido de quebra de sigilo de Jorge Roberto Saad Silveira, ex-prefeito de Niterói (RJ) e Jacks Rabinovich, ex-proprietário do Grupo Vicunha. Segundo o senador Randolfe, o empresário Rabinovich recebeu a correspondência da comissão, mas se recusou a informar os detalhes pedidos. O empresário também teria dito que a lista da CPI é ilícita e que os supostos crimes dos quais é acusado já estariam prescritos, se os tivesse cometidos.

* Com informações da Agência Senado

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