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Planos de anexação de Israel na Cisjordânia ameaçam acordo em Gaza, alerta secretário de Trump

Marco Rubio, após o alerta, visitará Israel para tentar consolidar o frágil cessar-fogo

Planos de anexação de Israel na Cisjordânia ameaçam acordo em Gaza, alerta secretário de Trump
Planos de anexação de Israel na Cisjordânia ameaçam acordo em Gaza, alerta secretário de Trump
Marco Rubio, o secretário de Estado dos EUA. Foto: Jim WATSON / AFP
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O secretário de Estado americano, Marco Rubio, alertou na noite de quarta-feira 22, antes de viajar a Israel, que os novos passos do Estado hebreu em direção à anexação da Cisjordânia “ameaçam” o acordo de paz em Gaza promovido pelo presidente Donald Trump.

Funcionários de alto escalão de Washington visitam Israel esta semana para tentar consolidar o frágil cessar-fogo após dois anos de guerra. Os esforços foram abalados por uma votação no Parlamento israelense que abre caminho para uma extensão de sua soberania a uma colônia ao leste de Jerusalém e, de forma mais ampla, a toda a Cisjordânia.

O plano “ameaça” o cessar-fogo em Gaza e seria “contraproducente”, alertou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos antes de deixar Washington. “Não é algo que possamos apoiar no momento”, enfatizou.

Antes de Rubio, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, reconheceu na quarta-feira em Jerusalém, após uma reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que os próximos passos do acordo de trégua, que incluem o desarmamento do movimento islamista Hamas e a reconstrução de Gaza, serão “muito difíceis”.

Rubio se reunirá com Netanyahu na sexta-feira, segundo o governo israelense.

O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que entrou em vigor em 10 de outubro com base em um plano proposto por Trump, pareceu sob risco no domingo passado, após confrontos letais em Gaza e uma troca de acusações de violações da trégua.

A primeira fase do acordo prevê, além do cessar-fogo, a libertação de todos os reféns – vivos e mortos – sob poder do Hamas desde seu ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, que desencadeou o conflito.

Também inclui a retirada israelense de Gaza e a entrada de ajuda humanitária para a população de Gaza.

No dia 13 de outubro, o Hamas libertou 20 reféns vivos. O grupo também deveria devolver na mesma data 28 corpos de sequestrados, mas até o momento entregou apenas 15, alegando dificuldades para encontrar os restos mortais no território devastado pela ofensiva israelense de retaliação ao ataque do movimento islamista.

“Muito difícil”

Israel devolveu em troca 195 corpos de palestinos e suas forças recuaram em algumas áreas de Gaza, mas continua controlando quase metade do território palestino, que permanece sitiado. Segundo a ONU, a ajuda humanitária ainda é insuficiente.

As fases posteriores do plano de Trump preveem uma nova retirada israelense de Gaza, que o Hamas entregue as armas, a presença de uma força de segurança internacional e a reconstrução do território, entre outras medidas.

“Temos diante de nós uma tarefa muito, muito difícil, que é desarmar o Hamas e reconstruir Gaza, melhorar a vida da população de Gaza, mas também garantir que o Hamas deixe de ser uma ameaça para nossos amigos em Israel”, afirmou Vance.

J.D. Vance, vice-presidente dos EUA. Foto: Leo Correa / POOL / AFP

O Hamas se recusa a considerar o desarmamento e seus combatentes retomaram o controle de áreas de Gaza após a trégua. O movimento enfrenta grupos armados que acusa de “colaborar” com Israel.

Netanyahu, que deseja expulsar o Hamas de Gaza, onde o movimento tomou o poder em 2007, defendeu “uma visão completamente nova sobre como ter um governo civil, como garantir a segurança”.

“Prefiro morrer”

No sul da Faixa de Gaza, o Exército israelense lançou panfletos que pediam aos habitantes de algumas áreas de Khan Yunis que se afastassem da “linha amarela”, o limite de retirada das tropas israelenses.

“Estou cansado de ser deslocado, muito cansado. Prefiro morrer, como meu filho, que caiu mártir. É mais digno morrer”, declarou Riad Anza, um habitante obrigado a deixar a região.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 matou 1.221 pessoas no lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

A ofensiva de represália de Israel deixou mais de 68.200 mortos em Gaza, também em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.

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