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Colômbia denuncia ameaça de ‘invasão’ dos EUA e convoca embaixador para consultas

Donald Trump ameaçou a retirada da ajuda financeira à Colômbia por, supostamente, fomentar a produção de drogas

Colômbia denuncia ameaça de ‘invasão’ dos EUA e convoca embaixador para consultas
Colômbia denuncia ameaça de ‘invasão’ dos EUA e convoca embaixador para consultas
O presidente dos EUA Donald Trump e o presidente colombiano Gustavo Petro. Foto: Mandel Ngan e Joaquín Sarmiento/AFP
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O governo de Gustavo Petro denunciou, nesta segunda-feira 20, uma “ameaça” de “invasão” dos Estados Unidos, e convocou seu embaixador em Washington para consultas após o anúncio de Donald Trump sobre a retirada da ajuda financeira à Colômbia por “fomentar” a produção de drogas.

A relação entre os dois países, historicamente aliados, enfrenta seu pior momento com o retorno de Trump à Casa Branca e o primeiro presidente de esquerda no poder na Colômbia.

No domingo, o mandatário americano prometeu encerrar a ajuda à Colômbia e disse nesta segunda-feira que anunciaria tarifas, após chamar seu homólogo colombiano de “líder narcotraficante” devido aos altos níveis de produção de drogas no país sul-americano, o principal exportador de cocaína do mundo.

Trump acrescentou que Bogotá deveria “encerrar” os cultivos de narcóticos “imediatamente”, ou os “Estados Unidos o farão, e não será de uma forma agradável”.

Nesta segunda-feira, o ministro do Interior da Colômbia, Armando Benedetti, denunciou uma “ameaça de invasão ou uma ação terrestre ou militar contra a Colômbia”.

“Não me imagino encerrando alguns hectares se não for dessa forma, se não for invadindo”, disse à Blu Radio, referindo-se aos cultivos de narcóticos.

Benedetti sugeriu que uma alternativa dos Estados Unidos seria pulverizar os cultivos com o pesticida glifosato, o que, da mesma forma, representaria um golpe à “soberania”.

“Ombro a ombro”

O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia informou, em um comunicado, que o embaixador em Washington, Daniel García Peña, “já está em Bogotá” e nas “próximas horas” o governo de Petro “informará as decisões tomadas a respeito”.

As tensões entre Colômbia e seu principal parceiro econômico e militar ocorrem no momento em que os EUA aumentam a pressão sobre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, próximo a Petro.

O governo dos Estados Unidos mantém navios de guerra no Caribe desde agosto e a frota atacou pelo menos sete embarcações que, segundo Trump, transportavam drogas.

O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, informou sobre um ataque em 17 de outubro contra uma embarcação em águas internacionais que matou três supostos insurgentes do Exército de Libertação Nacional (ELN), grupo guerrilheiro colombiano.

Petro denunciou uma violação à soberania das águas nacionais e diz que algumas de vítimas são colombianos pobres. O mandatário de esquerda também promove uma cooperação entre as Forças Armadas venezuelanas e colombianas.

Benedetti afirmou, por sua vez, que foi gerada uma narrativa falsa por parte da oposição colombiana e dos meios de comunicação de que ambos os países lutariam “ombro a ombro” contra os EUA.

“Eliminar tarifas”

Os sindicatos colombianos aguardam com expectativa as tarifas alfandegárias que Trump imporia à Colômbia.

Petro suavizou o tom nesta segunda-feira e propôs “eliminar as tarifas sobre a produção agrícola e agroindustrial” do país “para fortalecer a produção lícita”, segundo uma mensagem na rede X.

No mês passado, Washington retirou de Bogotá a condição de aliado na luta contra o narcotráfico, uma certificação pela qual recebia centenas de milhões de dólares. Também revogou o visto de Petro e de vários de seus funcionários.

Até ao momento, o país sul-americano era o que mais recebia ajuda financeira dos EUA, segundo dados do governo americano, com mais de 740 milhões de dólares (R$ 3,7 bilhões, na cotação da época) desembolsados em 2023, o último ano em que há informações completas disponíveis.

Metade destes pagamentos é destinada ao combate ao tráfico de drogas.

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