COP30
Dois Dedos de Prosa com Pedro Ivo Batista
O presidente da Associação Terrazul e coordenador do FBOMS, comenta as expectativas para a COP30


Veterano das grandes conferências mundiais, da Rio-92 à Rio+20, passando por fóruns internacionais sobre água, Amazônia e reforma agrária, o repórter Maurício Thuswohl estreia o blog Olho na COP, para acompanhar in loco os preparativos e bastidores que a COP30, em Belém.
A primeira conferência do clima em solo brasileiro enfrenta não apenas o desafio climático, mas também logístico. Movimentos sociais se preparam para ocupar as ruas e os espaços paralelos do evento. O presidente da Associação Terrazul e coordenador do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS), Pedro Ivo Batista, vê na capital paraense a chance de o Brasil retomar o protagonismo ambiental perdido nos últimos anos.
Confira a seguir.
Qual sua expectativa em relação aos eventos da sociedade civil antes e durante a COP?
Que os eventos paralelos possam refletir melhor as propostas da sociedade civil, já que serão mais livres da influência dos lobistas do petróleo que dominaram as outras 29 COPs – e devem dominar essa também.
O número mínimo de delegações participantes já foi atingido. O risco de esvaziamento da COP30 está superado?
Não. Por um lado temos a expectativa de pouca participação dos países na COP30. Por outro, a ausência do Estados Unidos é muito ruim porque significa que seu governo não vai se comprometer com os resultados. Trump hoje é o grande vilão do clima e o arauto do negacionismo.
Quais serão os principais momentos da participação da sociedade civil em Belém?
Serão muitos eventos. A expectativa está concentrada nas atividades paralelas, principalmente na Cúpula dos Povos e nos atos de rua. No dia 11 de novembro haverá uma manifestação com o tema saúde e clima e teremos também a marcha geral no dia 15 de novembro.
Podemos esperar por coisas boas na COP30?
A surpresa pode ser a China, que anunciou sua NDC em recente reunião da ONU. Como se trata de um país situado entres os maiores emissores, isso pode fazer a diferença nessa COP. O fortalecimento das ações ambientais dos BRICs é um caminho.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.