O que se sabe sobre o caso da suspeita de matar 4 pessoas por envenenamento

A polícia prendeu preventivamente em São Paulo a estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, suspeita de matar, por envenenamento, quatro pessoas, uma no estado do Rio de Janeiro — em Duque de Caxias — e três no estado de São Paulo — na capital e em Guarulhos.

A prisão aconteceu após a detenção de Michelle Paiva da Silva, acusada de matar o pai, Neil Corrêa da Silva, de 65 anos. Michelle teria contado com a ajuda de Ana Paula, que foi sua colega de faculdade.

A Justiça de São Paulo tornou Ana Paula ré após aceitar a denúncia apresentada pelo Ministério Público, que a considerou uma “verdadeira serial killer“.

Quem são as vítimas

Ana Paula teria matado Marcelo Hari Fonseca e Maria Aparecida Rodrigues, em Guarulhos, na Grande São Paulo; Neil Corrêa da Silva, em Duque de Caxias; e Hayder Mhazres, na capital paulista.

Neil morreu em 26 de abril após comer uma feijoada levada pela estudante — ela e a filha dele eram amigas na faculdade. Segundo as investigações, Michelle teria enviado 4 mil reais a Ana Paula para que ela fosse de São Paulo ao Rio a fim de envenenar a comida do idoso. A suspeita ainda teria matado dez cachorros ao fazer testes com o veneno, segundo os investigadores. Os agentes interceptaram trocas de mensagens entre as mulheres nas quais elas utilizavam a sigla “TCC”, em uma falsa referência a Trabalho de Conclusão de Curso, para tratar sobre o pagamento da dívida do crime.

Ana Paula também é acusada de matar Marcelo Hari Fonseca, de 51 anos, em 31 de janeiro. O corpo do homem foi encontrado em casa em um avançado estado de putrefação. Ana Paula e a irmã alugavam um imóvel da vítima. O caso havia sido arquivado em 5 de maio por falta de provas, mas foi reaberto. A polícia aguarda laudos periciais com os resultados dos exames toxicológicos.

Marcelo Hari Fonseca também teria sido vítima de Ana Paula, segundo a promotoria. Créditos: Reprodução

Outra vítima da estudante seria Maria Aparecida Rodrigues, morta em 11 de abril, em Guarulhos. Ana Paula teria servido um bolo à mulher na casa em que morava com a irmã. A vítima passou mal e morreu dias depois.

Ana Paula teria feito amizade com Maria Aparecida Rodrigues após conhecê-la virtualmente. Créditos: Reprodução

Segundo a denúncia, Ana Paula também teria matado Hayder Mhazres, um tunisiano de 21 anos com quem mantinha um relacionamento amoroso em São Paulo. Os dois se conheceram em um aplicativo de encontros e ela o teria matado por interesse financeiro. Conforme a investigação, a suspeita chegou a simular que estava grávida de Hayder. O homem teria morrido após ingerir um milkshake envenenado, servido por Ana Paula, em seu apartamento.

Ana Paula também teria vitimado Hayder Mhazres, com quem teria tido um relacionamento amoroso. Créditos: Reprodução

A investigação aponta que a própria Ana Paula entrava em contato com as autoridades para reportar os crimes. O Ministério Público a denunciou pelas mortes de Maurício, Maria Aparecida e Hayder. A morte de Neil é investigada pelas autoridades do Rio de Janeiro. Ainda de acordo com a polícia, Ana Paula teria confessado a morte de Marcelo Hari. Em depoimento, a mulher sustentou tê-lo matado a facadas, mas os agentes não identificaram lesões compatíveis.

Desdobramentos

A Promotoria aguarda o resultado de exames periciais para saber qual foi o tipo de veneno que a estudante usou nas vítimas. Os corpos de pelo menos três dos quatro mortos serão exumados para análise.

Nesta terça-feira 13, um laudo da Polícia Científica confirmou ser veneno uma substância encontrada em um frasco na casa da suspeita. Trata-se de terbufós, um inseticida exclusivo para agricultura mas utilizado informalmente como princípio ativo do veneno popularmente conhecido como chumbinho.

Também estão presas preventivamente a irmã gêmea de Ana Paula, Roberta Cristina Veloso Fernandes, suspeita de apoiar na execução dos crimes, e Michelle da Silva, filha de Neil Corrêa.