Economia
Os destaques dos discursos de Lula em Roma
O presidente brasileiro participou de dois eventos na Itália, onde defendeu o financiamento de políticas sociais, criticou o protecionismo dos países ricos e ligou a fome global aos conflitos armados


O presidente Lula (PT) defendeu nesta segunda-feira 13 que os governos ao redor do mundo priorizem os mais vulneráveis em suas políticas econômicas e reafirmou o papel do Brasil como liderança global no combate à fome e à pobreza.
Lula discursou em dois eventos distintos na capital italiana: a reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, promovida pelo Brasil e pela Espanha, e a abertura do Fórum Mundial da Alimentação, realizado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).
Durante a reunião da Aliança, o petista ressaltou a necessidade de recursos concretos para transformar promessas em resultados. “Sejamos claros: sem recursos financeiros não haverá transformação”, afirmou, ao defender que “é hora de colocar os pobres no orçamento”. Para ele, a inclusão social “não pode ser apenas uma promessa, precisa estar refletida na arquitetura fiscal, nos investimentos públicos e nos planos de transformação produtiva”.
Lula destacou ainda que a Aliança Global já reúne 200 integrantes, entre países, fundações, organizações internacionais e instituições financeiras, e que o Brasil tem atuado em projetos voltados ao combate à fome em Palestina, Haiti, Zâmbia, Quênia, Etiópia e Ruanda. Ele anunciou também que pretende lançar, durante a COP30, em Belém (PA), uma Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima.
Depois, na abertura do Fórum Mundial da Alimentação, Lula associou a fome global às guerras e ao protecionismo econômico. “A fome é irmã da guerra, seja ela travada com armas e bombas ou com tarifas e subsídios”, declarou. O presidente criticou a “paralisia das instituições multilaterais” e defendeu que os organismos internacionais retomem o compromisso com o desenvolvimento e a justiça social.
Os discursos ocorreram poucos meses após o anúncio de que o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome da FAO, com menos de 2,5% da população em risco de subnutrição. Lula atribuiu o resultado a políticas integradas de transferência de renda, fortalecimento da agricultura familiar, merenda escolar, geração de empregos e valorização do salário mínimo.
A agenda em Roma incluiu também um encontro rápido com o papa Leão XIV, no Vaticano. O pontífice prometeu rezar pelo Brasil e enviar representantes à COP30.
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