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De volta às telas, 25 anos depois

Além de dar a largada à carreira de Alejandro Iñarritu e Gael García Bernal, ‘Amores Brutos’ tornou-se símbolo de uma nova fase da produção latino-americana

De volta às telas, 25 anos depois
De volta às telas, 25 anos depois
Estética crua. Bernal protagoniza uma das três histórias entrecruzadas do filme – Imagem: MUBI/Retrato Filmes
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O trabalho de remasterização acaba por ser, muitas vezes, uma oportunidade para revisitar, sob o olhar do presente, obras que causaram grande impacto à época do lançamento. É esse o caso de Amores Brutos, que voltou aos cinemas brasileiros na quinta-feira 9, passados 25 anos de sua estreia.

A versão que chega aqui é a mesma exibida em maio, na sessão Cannes Classics, do Festival de Cannes. Foi de Cannes, inclusive, que o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu e o roteirista Guillermo Arriaga saíram consagrados no ano 2000.

O filme, estreia de ambos no longa-metragem, ganhou, no festival francês, o Grande Prêmio da Semana da Crítica. Seguiu-se então uma trajetória de sucesso, que incluiu outros prêmios importantes – como o Bafta e a indicação ao Oscar de Filme Internacional – e o reconhecimento do público.

Amores Brutos – Amores Perros, no original, que remete de forma direta à onipresença de cachorros na trama – se tornaria não apenas a plataforma para a carreia internacional de Iñárritu e do ator Gael García Bernal, mas um título-chave de um momento profícuo do cinema latino-americano, especialmente no Brasil, na Argentina e no México.

Seguindo uma tendência forte da produção independente a partir de meados da década de 1990, que era a das narrativas fragmentadas, com histórias entrecruzadas, Amores Brutos é construído a partir de três segmentos. A uni-los há um acidente automobilístico e há, ainda, uma Cidade do México filmada com aspereza e com um ritmo intenso.

A câmera muitas vezes levada na mão, como que tentando roçar a pele dos personagens, e o sangue que as diversas formas de violência fazem explodir na tela são as duas características que mais chamam atenção duas décadas depois. Aquela “crueza”, então um elemento muito valorizado pelos cineastas jovens, tornou-se quase uma marca de época.

A bem-sucedida parceria entre Iñárritu­ e Arriaga voltaria a repetir-se em 21 Gramas (2003) e Babel (2006). Depois, ambos se separariam. Iñárritu seguiria uma carreira de sucesso, ganhando prêmios como o de melhor direção em Cannes, com Babel, e o Oscar por Birdman (2014).

Rever o seu ponto de partida segue a ser uma experiência cinematográfica intensa. E, talvez, ainda mais incômoda do que 25 anos atrás. •

Publicado na edição n° 1383 de CartaCapital, em 15 de outubro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘De volta às telas, 25 anos depois’

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