Política
André Fufuca é afastado do PP após se negar a entregar o cargo no governo
O ministro do Esporte não poderá mais participar das decisões do partido e perderá o comando do diretório da sigla no Maranhão


O ministro do Esporte André Fufuca foi afastado, nesta quarta-feira 8, do Partido Progressistas (PP). A decisão ocorre após o não cumprimento de uma ordem da sigla para deixar o cargo no governo Lula (PT).
Na segunda-feira, Fufuca sinalizou que ficaria no cargo, ignorando a pressão da sigla para o desembarque do governo. Na ocasião, ao lado de Lula, reforçou que apoiará o petista na próxima eleição.
“O Progressistas comunica que, diante da decisão de desobedecer a orientação da Executiva nacional do partido e permanecer no Ministério do Esporte, o ministro André Fufuca fica, a partir de agora, afastado de todas as decisões partidárias, bem como da vice-presidência nacional do partido”, diz o comunicado divulgado nesta segunda pelo PP.
A legenda também anunciou uma intervenção no diretório do Maranhão, até então comandado por Fufuca.
“O partido reitera o posicionamento de que não faz e não fará parte do atual governo, como qual não nutre qualquer identificação ideológica ou programática”, conclui a nota da legenda comandada pelo senador bolsonarista Ciro Nogueira.
Fufuca ainda não comentou a decisão do PP.
Desembarque frustrado
A federação formada pelo PP e União Brasil anunciou em setembro que entregaria todos os cargos no governo Lula e passou a pressionar Fufuca e Celso Sabino (ministro do Turismo filiado ao União Brasil) para que deixassem as cadeiras que ocupam na Esplanada. A dupla, porém, contrariou a ordem e passou a ser alvo de processos internos nos partidos. O caso de Sabino será analisado nesta quarta-feira, no mesmo dia em que ele anunciou que ficará no cargo de ministro.
Nos últimos dias, Lula defendeu os dois ministros, que cumpriram agendas ao seu lado no Pará e no Maranhão. Em entrevista à TV Mirante, o petista chamou de ‘pequenez’ a pressão do PP e do União Brasil para que Fufuca e Sabino pedissem demissão. Na conversa, porém, afirmou que não faria qualquer esforço para manter o Centrão ao seu lado.
“Eu não vou implorar para nenhum partido estar comigo. Vai estar comigo quem quiser estar comigo. Não sou daqueles que ficam tentando comprar deputado. Quem quiser ir para o outro lado, que vá. E boa sorte, porque nós temos certeza de uma coisa: a extrema-direita não voltará a governar esse País”, disse o presidente.
O cálculo político
Sabino e Fufuca contrariam as ordens do partido com base no mesmo cálculo político: conquistar o apoio de Lula nas eleições de 2026. Os dois ministros, que são deputados federais, almejam o cargo de senador.
A leitura é que Lula seria o melhor cabo eleitoral nos dois estados, onde reúne um número significativo de apoiadores e altos índices de aprovação. As agendas ao lado do petista, como a COP30 em Belém, e os recursos liberados pelo Ministério dos Esportes também são tratados como decisivos para alavancar as campanhas.
Para o plano eleitoral sair do papel, no entanto, é bastante provável que a dupla tenha que procurar um novo partido. A condição é de que a nova casa esteja disposta a ter Lula no palanque. MDB e até mesmo o PT já foram mencionados, nos bastidores, como possibilidades.
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