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Nobel de Química premia estrutura que armazena gases

Trio desenvolveu uma arquitetura molecular capaz de armazenar substâncias, podendo ser usada para separar poluentes da água e reter CO₂. Descoberta é comparada a bolsa de Hermione do Harry Potter

Nobel de Química premia estrutura que armazena gases
Nobel de Química premia estrutura que armazena gases
O anúncio dos vencedores do Nobel de Química aconteceu nesta quarta-feira, em Estocolmo – Foto: Jonathan Nackstrand/AFP
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O japonês Susumu Kitagawa, o britânico Richard Robson e o jordaniano Omar M. Yaghi foram os laureados do Prêmio Nobel de Química de 2025 “pelo desenvolvimento de estruturas metalorgânicas”, divulgou a Real Academia Sueca de Ciências nesta quarta-feira 8, em Estocolmo.

Os laureados desenvolveram um novo tipo de arquitetura molecular, as estruturas metalorgânicas, que contêm cavidades nas quais as moléculas podem entrar e sair. Essa porosidade pode ser usada para capturar substâncias específicas, desenvolver reações químicas e conduzir eletricidade.

“Uma pequena quantidade desse material pode ser quase como a bolsa da Hermione em Harry Potter. Pode armazenar enormes quantidades de gás em um volume minúsculo”, afirmou o Comitê do Nobel de Química ao anunciar o prêmio.

Os três laureados trabalharam na criação de construções moleculares com grandes espaços por onde gases e outros produtos químicos podem fluir, e que podem ser utilizados para captar água do ar do deserto, capturar dióxido de carbono e armazenar gases tóxicos.

“Seguindo as descobertas inovadoras dos laureados, químicos criaram dezenas de milhares de estruturas metalorgânicas diferentes. Algumas delas podem contribuir para resolver alguns dos maiores desafios da humanidade, com aplicações que incluem a separação de poluentes da água, a decomposição de vestígios de produtos farmacêuticos no meio ambiente, a captura de dióxido de carbono ou a retenção de água do ar do deserto”, diz o Comitê Nobel de Química.

Segundo a organização, a indústria já estuda como usar a arquitetura molecular para, por exemplo, decompor gases nocivos, e absorver o CO₂ de fábricas e usinas de energia, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.

Iniciativa de um inventor sueco visionário

Em 2024, o Nobel de Química foi para o bioquímico americano David Baker, o britânico Demis Hassabis e o americano John M. Jumper por suas contribuições no campo do design computacional de proteínas e previsão da estrutura proteica.

Em 2023, a conceituada distinção do campo da química coube a Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov, atuantes nos Estados Unidos, pela descoberta e desenvolvimento dos pontos quânticos, ou átomos artificiais, importantes para a computação quântica e já empregados em televisores modernos.

Criado pelo inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896), com base em sua fortuna pessoal, o prêmio que leva seu nome já foi concedido 628 vezes a 1.015 indivíduos e organizações, alguns mais de uma vez, entre 1901 e 2024.

Os seis dias de anúncios do Prêmio Nobel iniciaram-se na segunda-feira, com o da Medicina, designado aos pesquisadores americanos Mary E. Brunkow e Fred Ramsdell e o japonês Shimon Sakaguch, por sua descoberta relacionadas à tolerância imunológica periférica, que impede o sistema imunológico de causar danos ao corpo.

No dia seguinte, o de Física foi para o britânico John Clarke, o francês Michel Devoret e o americano John Martinis por pesquisas fundamentais para o avanço da computação quântica.

Após o anúncio do Nobel de Química, seguem-se o de Literatura e o da Paz. Em 13 de outubro, por fim, será divulgado o Nobel da Economia. A cerimônia de entrega, pelo rei da Suécia, Carl 16 Gustaf, está marcada para 10 de dezembro.

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