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Dois anos após os ataques de 7 de outubro, mundo vive expectativa por acordo e fim do massacre israelense em Gaza

Mais de 1.200 pessoas morreram nos ataques de 2023 e 251 foram levadas como reféns pelo Hamas; 47 permanecem em cativeiro, e Israel acredita que 25 estão mortas

Dois anos após os ataques de 7 de outubro, mundo vive expectativa por acordo e fim do massacre israelense em Gaza
Dois anos após os ataques de 7 de outubro, mundo vive expectativa por acordo e fim do massacre israelense em Gaza
Na imagem, uma coluna de fumaça sobe sobre prédios na Cidade de Gaza em 7 de outubro de 2023, durante um ataque aéreo israelense que atingiu o edifício Torre Palestina. A ação foi uma das primeiras respostas de Israel ao ataque do Hamas contra um festival de música. Foto: MAHMUD HAMS / AFP
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Em 7 de outubro de 2023, o mundo assistiu incrédulo a uma ação ousada e sangrenta do grupo Hamas, que furou os bloqueios das fronteiras israelenses, matou 1.219 pessoas e levou 251 como reféns, no pior ataque contra judeus em um único dia desde o Holocausto. De lá para cá, a resposta israelense levou a um verdadeiro massacre na Faixa de Gaza, com cerca de 67 mil mortes e a destruição quase total da região. Dois anos mais tarde, o planeta espera o avanço em negociações pelo fim dos ataques.

Das pessoas sequestradas na ocasião, 47 delas seguem sob poder do Hamas. Segundo o Exército de Israel, 25 delas estão mortas. Este 7 de outubro é um dia de homenagens a todas as vítimas e reféns. Em um dos momentos de maior comoção, familiares de mais de 370 vítimas que participavam de um festival de música se reuniram no local do show e fizeram um minuto de silêncio.

Em todo o território israelense, e em outros lugares do mundo, acontecem cerimônias em memória das vítimas. Canais de televisão exibem documentários, entrevistas e outros programas alusivos aos ataques. Neste ano de 2025, a data coincide com o feriado de Sucót, quando os judeus constroem cabanas ao ar livre que simbolizam a fragilidade do povo de Israel durante os 40 anos de travessia pelo deserto após a saída do Egito, por volta de 1300 a.C.

Protestos na Austrália relembram as mortes causadas pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel. A manifestação também pede a libertação dos reféns. Foto: DAVID GRAY / AFP

Por outro lado, o Hamas se manifestou nesta terça afirmando que os ataques de 7 de outubro de 2023 foram uma ‘resposta histórica’ à ocupação israelense e às ‘tentativas de erradicar a causa palestina’. As declarações foram feitas por Hamas Fawzi Barhum, dirigente de alto escalão do grupo, em um discurso televisionado.

A ‘resposta’ israelense

Os ataques foram alvo de retaliação imediata de Israel. O governo chefiado por Benjamin Netanyahu iniciou rapidamente uma ofensiva e prometeu que recuperaria todos os reféns e destruiria definitivamente o Hamas. Não conseguiu nenhum dos objetivos, embora tenha matado figuras-chave do movimento.

Nos dois anos que se seguiram, a Faixa de Gaza foi reduzida a escombros. Mais de 66 mil pessoas morreram. Centenas de milhares ficaram feridas. A fome se espalhou pela região. Os ataques, os mais violentos do Oriente Médio em décadas, são classificados por parte da comunidade internacional – incluindo o governo brasileiro – como genocídio.

Palestinos disputam a pouca comida que entra em Gaza.
Foto: AFP

Os ataques atingiram estruturas como hospitais, campos de refugiados e escolas, matando milhares de mulheres e crianças, além de inúmeros jornalistas, trabalhadores de equipes de resgate e de organizações humanitárias. Os israelenses bloquearam deliberadamente a entrega de ajuda à população civil de Gaza, com autoridades alegando que o objetivo era impedir que os suprimentos de ajuda caíssem sob o controle do Hamas.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima que 90% das casas em Gaza tenham sido destruídas ou seriamente danificadas. Da população total do enclave, de 2,1 milhões de pessoas, cerca de 1,9 milhões estariam deslocadas.

O poderio militar israelense foi demonstrado também contra outros países e movimentos no Oriente Médio. O Hezbollah (que atua no Líbano) e os houthis (do Iêmen), aliados do Hamas, foram alvos de investidas que mataram líderes militares e também civis.

O Irã, acusado de financiar os movimentos, também entrou na mira. Neste ano, a força aérea israelense atacou o país por vários dias, causando danos às instalações nucleares. O Catar, país árabe alinhado ao ocidente, também foi atingido por bombardeios.

Israel ataca líderes do Hamas no Catar em bombardeio criticado por Trump. Foto: Jacqueline PENNEY/AFPTV/AFP

Expectativa por acordo

Embora os ataques prossigam, a comunidade internacional vive a expectativa de um cessar-fogo na região. Na última semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou um plano que prevê uma trégua a partir do momento que o Hamas libertar todos os reféns. O grupo também deve se desarmar, enquanto Israel deve gradualmente deixar a região de Gaza.

As negociações, que acontecem de maneira indireta, começaram na segunda-feira 6, no Egito, sob forte esquema de segurança. Segundo duas fontes palestinas próximas à equipe de negociação do Hamas, as primeiras negociações foram “positivas”. Trump também demonstrou otimismo. “Acho que estamos indo muito bem e o Hamas está concordando com algumas coisas muito importantes… Acho que chegaremos a um acordo”, disse.

(Com informações de AFP, DW e RFI)

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