Economia
Haddad minimiza impacto de posição ideológica de secretário de Trump nas negociações sobre o tarifaço
Marco Rubio, um ferrenho apoiador das sanções contra autoridades brasileiras, foi escalado pelo presidente dos EUA para conduzir as conversas com o Brasil


O ministro da Fazenda Fernando Haddad minimizou, nesta terça-feira 7, o impacto das posições ideológicas de Marco Rubio, secretário de Estado dos Estados Unidos, nas negociações com o Brasil sobre o tarifaço.
Rubio foi anunciado por Donald Trump como o representante dos EUA nas negociações que podem levar à queda ou à redução das tarifas de 40% sobre produtos brasileiros. Ele é conhecido por ser um ferrenho defensor das sanções contra autoridades do País.
“Independentemente de quem seja designado para negociar em nome do governo dos EUA, penso que a diplomacia brasileira, com os argumentos que tem, vai saber superar esse momento [o tarifaço], que foi um equivoco muito grande, com base em desinformação”, disse Haddad em entrevista ao programa ‘Bom dia, ministro’, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Para o ministro, a posição ideológica de Rubio não deve interferir nas conversas também por uma determinação de Trump, que teria sido expressada pelo próprio presidente dos EUA na conversa por videoconferência com o presidente Lula (PT), na segunda-feira 6. “Há a determinação dos dois presidentes de virar essa página”, afirmou o Haddad. “A conversa foi muito boa nessa direção [de superar as divergências]. Eu acredito que [essa determinação] vai distensionar e abrir espaço para uma conversa franca e produtiva”, completou.
Na entrevista à EBC, Haddad também listou os argumentos que pesam em favor do Brasil na negociação. Segundo explicou, a desinformação política que chegou a Trump começou a ser superada. Do lado econômico, os dados indicariam que os norte-americanos sentiram mais efeitos negativos do que positivos com o tarifaço sobre produtos brasileiros.
“[Esse tarifaço] passa muito por uma desinformação sobre como funcionam as instituições brasileiras. Penso que as informações estão chegando com mais veracidade para o governo americano e isso tudo vai assentando a poeira e abrindo caminho para uma coisa que vale a pena, produtiva e edificante”, destacou Haddad.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Quem é (e o que pensa) Marco Rubio, escalado por Trump para negociar com Lula e o Brasil
Por Vinícius Nunes
Exportações para os Estados Unidos caem 20,3% após tarifaço
Por Agência Brasil