Do Micro Ao Macro

Sete em cada dez brasileiros devem economizar na Black Friday em meio ao endividamento recorde

Pesquisa indica que 76% não pretendem comprar na data; inadimplência atinge 30,4% das famílias e pressiona o consumo

Sete em cada dez brasileiros devem economizar na Black Friday em meio ao endividamento recorde
Sete em cada dez brasileiros devem economizar na Black Friday em meio ao endividamento recorde
Sete em cada dez brasileiros devem economizar na Black Friday de 2025 em meio ao endividamento recorde
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A Black Friday de 2025 deve refletir um comportamento de maior cautela entre os consumidores. Segundo pesquisa da fintech meutudo, realizada com 8.264 participantes em todo o país, 76% dos brasileiros não planejam fazer compras na data. Apenas 14% pretendem aproveitar as promoções, enquanto 9% decidirão de acordo com os descontos oferecidos.

Entre os que pretendem gastar, 51% devem desembolsar até R$ 500. Outros 34% planejam compras acima de R$ 1.000 e 16% esperam investir valores intermediários, entre R$ 501 e R$ 1.000. Os itens mais buscados são eletrodomésticos e eletrônicos (57%), seguidos de produtos para casa e uso pessoal (24%) e serviços como viagens ou cursos (18%).

Pagamentos à vista ganham espaço

A forma de pagamento também mostra comportamento mais prudente. De acordo com o levantamento, 54% dos consumidores pretendem pagar à vista via Pix, 21% à vista no cartão e apenas 25% devem optar pelo parcelamento no crédito. O movimento indica menor disposição para assumir novas dívidas, mesmo diante das ofertas.

Para Marcio Feitoza, CEO da meutudo, o cenário reflete o nível elevado de endividamento das famílias brasileiras. “A inadimplência atingiu o maior patamar em 15 anos, alcançando 30,4% das famílias, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio. A prioridade agora é equilibrar as finanças e reduzir riscos para não comprometer ainda mais o orçamento”, afirma.

Crédito caro e consumo contido

Mesmo com o aumento da demanda por crédito, o custo de financiamento segue em alta. Dados do Banco Central mostram que o crédito ampliado às famílias chegou a R$ 4,5 trilhões em agosto de 2025. Ainda assim, a FEBRABAN projeta crescimento anual de 9%, abaixo da estimativa inicial de 9,5%.

“O crédito mais caro e restrito faz com que o consumidor opte por economizar, mesmo em períodos de promoções”, explica Feitoza. Ele avalia que o consumo deve permanecer contido até o fim do ano, mesmo com o pagamento do 13º salário e as campanhas de Natal.

Segundo o especialista, a Black Friday de 2025 deve consolidar a mudança de comportamento do consumidor brasileiro. “Com inflação persistente em itens essenciais e renda comprometida, o consumidor tende a agir de forma mais racional e menos impulsiva na hora de gastar”, conclui.

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