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Israel segue com ataques a Gaza apesar de negociações de paz mediadas por Trump
Presidente dos EUA havia solicitado cessar-fogo enquanto negociações são finalizadas com Hamas e Israel; ao menos 20 palestinos já foram mortos neste sábado, disse fonte à Al Jazeera


Israel segue atacando a Faixa de Gaza apesar das negociações de um plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estarem em andamento. Trump havia solicitado anteriormente que todos os ataques fossem paralisados em nome das conversas.
Segundo informações obtidas pela Al Jazeera com fontes dos hospitais de Gaza, ao menos 20 pessoas foram mortas neste sábado (04) em razão dos ataques israelenses. Uma fonte da Defesa Civil de Gaza também afirmou à agência internacional AFP que a madrugada foi “muito violenta”, especialmente com ataques de drones.
O plano de Trump contempla um cessar-fogo, a libertação dos reféns israelenses em 72 horas, o desarmamento do Hamas e a retirada gradual do Exército israelense da Faixa de Gaza, após quase dois anos de conflito. “Israel deve interromper imediatamente o bombardeio da Faixa de Gaza, para que possamos libertar os reféns de forma segura e rápida”, publicou Trump em sua rede social, Truth Social.
Trump também insiste em que o grupo islamita palestino e outras facções “não tenham nenhum papel no governo” da Faixa de Gaza e na criação de uma autoridade de transição liderada pelo presidente americano.
Neste sábado, Israel anunciou que está se preparando para uma rápida libertação dos reféns retidos pelo Hamas, após a resposta positiva desse movimento islamista palestino ao plano de paz.
“À luz da resposta do Hamas, Israel está se preparando para a implementação imediata da primeira fase do plano de Trump para a libertação de todos os reféns”, indicou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em comunicado.
“Seguiremos trabalhando em plena cooperação com o presidente e sua equipe para pôr fim à guerra segundo os princípios estabelecidos por Israel, que coincidem com a visão do presidente Trump”, acrescenta o texto.
O Exército israelense lançou no mês passado uma grande ofensiva aérea e terrestre para tomar o maior núcleo urbano de Gaza, o que obrigou centenas de milhares de pessoas a fugirem para o sul da Faixa.
Porém, o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, James Elder, declarou que não existe nenhum lugar seguro para os palestinos que receberam ordens de deixar Gaza, e que as zonas designadas por Israel no sul são “locais de morte”.
Mais de 400 ativistas da flotilha detidos
Após quase dois anos de guerra, aumentam as manifestações em todo o mundo, e nas últimas 24 horas os protestos se concentraram na interceptação de uma flotilha para Gaza.
A Flotilha Global Sumud (“resiliência” em árabe) partiu em setembro de Barcelona com ativistas como Greta Thunberg para levar ajuda a este território palestino que, segundo a ONU, sofre uma fome severa.
A Marinha israelense começou na quarta-feira a interceptar as embarcações que se aproximavam de Gaza e a deter mais de 400 ativistas a bordo. Nesta sexta-feira parou “Marinette”, o último barco que permanecia no mar.
Israel anunciou, nesta sexta-feira, que iniciou a deportação de ativistas da flotilha com quatro cidadãos italianos.
A guerra começou com o ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, que resultou na morte de 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses.
A ofensiva de retaliação israelense matou pelo menos 66.288 pessoas, segundo números do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
*Com informações da AFP
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