Política
Múcio vai ao Senado pedir mais recursos para as Forças Armadas: ‘Vim atrás de ajuda’
O ministro da Defesa participou de audiência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional na manhã desta terça-feira


O ministro da Defesa José Múcio Monteiro esteve no Senado na manhã desta terça-feira 30 para pedir um aumento no orçamento destinado aos militares brasileiros. Em 2024, a pasta recebeu mais de 125 bilhões de reais. Em 2025, a previsão é de que a cifra chegue a quase 135 bilhões.
“Eu vim atrás de ajuda”, apelou aos parlamentares Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). De acordo com o ministro, o atual orçamento das Forças Armadas representa um entrave para manter a capacidade operacional. “Somos o maior país da América Latina, temos 52% do PIB da região, mas as Forças Armadas não sei nem se estão entre as três primeiras”, argumentou.
Segundo Múcio, os recursos atuais impedem, por exemplo, a manutenção de equipamentos militares. “Temos bastante equipamento comprado, mas não temos dinheiro para comprar peças.”
Na prática, dos 125 bilhões embolsados pela Defesa no ano passado, cerca de 97 bilhões de reais foram usados para quitar despesas com pessoal. Aposentadorias e pensões entram nesta conta. Outros 20 bilhões de reais custearam outras despesas e pouco mais de 9 bilhões sobraram para investimentos.
Esses recursos entregues aos militares no ano passado representam 1,1% do PIB do País. A fatia é parecida em 2025. Na audiência desta terça-feira no Senado, Múcio defendeu que essa parcela suba para 2%, mas reconheceu as dificuldades em se chegar a esse patamar diante da necessidade de investimentos em outras áreas, como Saúde e Educação. Para o ministro, um meio termo seria definir o percentual de 1,5% do PIB para a Defesa com garantia de aumento gradual no decorrer do anos.
“Precisamos saber se vamos pagar a primeira prestação da munição, de um avião ou de um radar. Não se trata apenas de números, mas de previsibilidade e continuidade“, insistiu Múcio.
A ideia de fixar em 2% do PIB o orçamento da Defesa aparece uma proposta de emenda à Constituição de autoria do senador Carlos Portinho (PL-RJ). O texto, relatado por Randolfe Rodrigues (PT-AP), estabelece que pelo menos 35% dos gastos opcionais do Ministério de Defesa devem ser com projetos estratégicos que priorizem a indústria nacional. O setor tem, segundo o ministro, 270 empresas e 3 milhões de trabalhadores.
“A base industrial de defesa é responsável por 3,6% do PIB nacional e é capaz de produzir desde submarinos e blindados até aeronaves tecnológicas e radares. Mesmo com orçamento restrito, temos avanços tangíveis que precisam de continuidade”, comentou Múcio ao alegar que setor que já teria exportado mais de 2,5 bilhões de reais em 2025.
Na audiência desta terça, membros da base governistas indicaram ser favoráveis ao incremento de recursos para a Defesa, mas que alegam que o dinheiro deveria ter outra fonte. “É preciso garantir investimento adequado, mas com uma fonte própria e adicional, para não comprometer políticas de saúde e educação”, destacou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Soberania
Múcio também usou o novo discurso do governo Lula para justificar o seu pedido por mais recursos para as Forças Armadas. De acordo com o ministro, ampliar o dinheiro da Defesa é, também, uma questão de soberania nacional e, na prática, ajudaria o País a conter ameaças estrangeiras. “Costumo dizer que a diplomacia e a defesa são como irmãs inseparáveis, duas armas à disposição do Estado para vencer a guerra da sobrevivência nesse mundo de constantes transformações”, argumentou.
(Com informações de Agência Senado).
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