Política
O plano do governo federal para conter o aumento de casos de intoxicação por metanol
A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar os episódios e o Ministério da Saúde lançou mão de um novo protocolo de ação em casos suspeitos


Membros do governo federal detalharam, nesta terça-feira 30, o plano elaborado pela União para mitigar os casos de intoxicação via metanol que se avolumaram nos últimos dias pelo País. A principal suspeita é de que o aumento dos casos tenha se dado pela adulteração de bebidas alcoólicas. As ações anunciadas serão comandadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e pelo Ministério da Saúde.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública Ricardo Lewandowski anunciou que a principal iniciativa liderada pela sua pasta será uma investigação da Polícia Federal. A suspeita é de que haja uma rede de distribuição das bebidas falsificadas operando nacionalmente. A ingestão dos itens adulterados teria causado pelo menos três mortes em São Paulo; outros dez casos estão sendo investigados.
“Na segunda-feira, determinamos ao dr. Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, que abrisse um inquérito policial para verificar a procedência dessa droga e a rede possível de distribuição que, ao tudo indica, transcende o limite de um único estado. Tudo indica que há distribuição para além do estado de São Paulo”, declarou o ministro.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública também deve conduzir um inquérito administrativo, via Secretaria Nacional do Consumidor, para acompanhar as ocorrências e verificar as providências adotadas.
PCC investigado
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, não descartou a possibilidade de ligação do crime organizado com a adulteração de bebidas alcóolicas com metanol. Durante a coletiva, o diretor citou ‘possível conexão’ com as investigações recentes travadas pela PF contra uma rede de combustíveis adulterados que atua pelo País. O metanol também era o elemento usado pela facção no esquema.
Protocolo de ação
O Ministério da Saúde, por sua vez, deve lançar mão de um protocolo de ação para o atendimento das vítimas. De acordo com Alexandre Padilha, chefe da pasta, os casos recentes de intoxicação denotam um comportamento epidemiológico diferente do que foi registrado nos últimos anos e, por isso, precisam ser tratados de maneira distinta.
“Tínhamos cerca de 20 casos de intoxicação por metanol ao ano. Até agosto foram notificados 17 casos. Tivemos em agosto e setembro casos que seriam equivalentes a um ano, e localizados em um único estado”, observou.
“Antes, esses casos também estavam associados a pessoas de situação de rua, que vão atrás do metanol, vendido como combustível, e ingerem; ou casos de autoagressão, como tentativas de suicídio. Agora, temos uma situação absolutamente diferente”, completou Padilha.
Sintomas e orientações
O protocolo de ação do Ministério da Saúde será detalhado em uma nota técnica. A ideia central é que o documento sirva como a principal orientação para os profissionais da saúde no atendimento dos casos suspeitos.
Na coletiva, o chefe da pasta frisou que a ingestão se trata de uma emergência médica de extrema gravidade e detalhou os sintomas aos quais os profissionais de saúde devem estar atentos: visão turva ou perda de visão (podendo chegar à cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese).
Em caso de identificação desses sintomas, a orientação do governo federal é que a população entre em contato com o Disque-Intoxicação da Anvisa pelo telefone 0800 722 6001 ou procure o CIATox da sua cidade para orientação especializada.
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