CartaExpressa
O recado de Cármen Lúcia aos golpistas durante a posse de Fachin no STF
A ministra afirmou que ditadura é ‘pecado mortal da política’ e reforçou o papel do Supremo como guardião das instituições


A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, fez um discurso em defesa da democracia e em crítica a ataques recentes ao Estado de Direito durante a posse de Edson Fachin como presidente da Corte, nesta segunda-feira 29.
Ela afirmou que “os juízes dessa Casa têm ciência das específicas tribulações do nosso tempo, que impõem ininterrupta vigilância dos valores e princípios da democracia tão duramente conquistada no Brasil e recentemente novamente agredida, desconsiderada e ultrajada por antidemocratas, em vilipêndio antipatriótico e abusivo contra o Estado democrático de direito vigente”.
Em tom duro, classificou a ditadura como “o pecado mortal da política”, acrescentando que nela “se extinguem as liberdades, violentam-se as instituições, introduz-se o medo e define-se o preço vil da covardia nas mentes e nos comportamentos, esvaziando-se a cidadania dos seus ideais de justiça e igualdade para todas as pessoas”.
“O ambiente democrático é o único que permite florescerem liberdades e frutificarem igualdades. A discórdia e a desavença são os venenos que se fermentam nas ditaduras”, concluiu.
O pronunciamento foi passado como uma mensagem do STF em sua totalidade, reafirmando o papel da Corte como “guardiã das instituições democráticas no País”.
A fala ocorre duas semanas depois da condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão por golpe de Estado e outros crimes. O ex-presidente foi julgado pela Primeira Turma do STF, colegiado que Cármen Lúcia faz parte.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Fachin assume o STF na mira da extrema-direita e sem os holofotes de Barroso
Por Leonardo Miazzo
Fachin recusa tradicional jantar após posse como presidente do STF
Por Wendal Carmo