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Partido pró-UE vence eleição crucial na Moldávia

Sigla da presidente Maia Sandu obtém maioria parlamentar. Dividido entre UE e Rússia, país vizinho da Ucrânia foi às urnas na votação mais importante desde 1991

Partido pró-UE vence eleição crucial na Moldávia
Partido pró-UE vence eleição crucial na Moldávia
A presidente da Moldávia Maia Sandu. Foto: Daniel MIHAILESCU / AFP
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O Partido Ação e Solidariedade (PAS), sigla pró-União Europeia da presidente da Moldávia, Maia Sandu, conquistou a maioria das cadeiras na eleição parlamentar deste domingo 28 no país.

Com mais de 99,5% dos votos apurados, o PAS, que está no poder desde 2021, obteve cerca de 50% dos votos, contra pouco mais de 24% da aliança eleitoral pró-Rússia Bloco Patriótico.

Em terceiro lugar, com cerca de 8%, está o Movimento Alternativo Nacional (MAS), do presidente da Câmara de Chisinau, Ion Ceban, que apelou ao voto contra o PAS.

O PAS poderá assim manter a maioria absoluta no Parlamento, com 55 dos 101 assentos, ainda que com perdas, pois na legislatura anterior detinha 63.

O líder do Bloco Patriótico, o ex-presidente Igor Dodon, convocou para esta segunda-feira uma manifestação na capital, Chisinau. Muito antes de a contagem de votos estar encerrada, Dodon havia reivindicado a vitória da oposição.

No caminho europeu

A eleição parlamentar nesse país pobre e agrário, localizado entre a Romênia e a Ucrânia, era considerada decisiva sobre os rumos do país, dividido entre uma aproximação ao regime do presidente russo, Vladimir Putin, ou à UE.

A Moldávia, com seus 2,4 milhões de habitantes, é candidata à adesão à UE desde 2022. Num referendo em 2024, uma pequena maioria votou a favor da adesão.

“Nossa esperança é de permanecer no caminho europeu”, disse Sandu, cujo partido está no poder desde 2021, à agência de notícias AFP, antes de o resultado ser conhecido. “A alternativa é impensável, eu me recuso a sequer imaginar voltar ao passado.”

Foi Sandu quem liderou os esforços para aproximar a Moldávia da UE após a Rússia invadir a Ucrânia, em 2022, pleiteando a entrada no bloco. Ela quer agora impulsionar reformas com uma maioria parlamentar pró-europeia.

Sandu acusou a Rússia de exercer enorme influência na campanha eleitoral, que foi marcada por denúncias de compra de votos pela Rússia, ataques cibernéticos e fake news para favorecer os interesses de Moscou, bem como pela frustração do eleitorado com a situação econômica do país e ceticismo, sobretudo entre a população mais velha, sobre a adesão à UE.

Moscou, por sua vez, acusou a liderança moldava de excluir forças pró-Rússia da eleição. No dia da eleição, alguns cidadãos da região separatista da Transnístria, fortemente apoiada pela Rússia, não puderam votar devido ao fechamento de uma ponte após uma suposta ameaça de bomba.

Voto da diáspora

A taxa de comparecimento do eleitorado às urnas foi de 51,9%, segundo a Comissão Eleitoral – em 2021, na eleição anterior, fora de 48%.

A Moldávia tem 2,4 milhões de habitantes, e o voto dos pelo menos 1,2 milhão de moldavos no exterior tem grande peso. Eles vivem em países da Europa, como Romênia, Itália, França, Alemanha, Portugal e Espanha, e são tradicionalmente pró-UE. O Ministério do Exterior da Moldávia relatou uma votação em massa na diáspora.

Com o PAS tendo maioria no parlamento, o país está mais próximo de seu objetivo de se juntar à UE em 2030. Para formar um governo, Sandu precisa nomear um primeiro-ministro que seja aprovado pelo parlamento.

(AFP, Reuters, DPA, Lusa)

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