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Barroso: ‘Sair do Supremo é possibilidade, mas não é uma certeza’
Prestes a deixar o comando do STF, Barroso afirmou à ‘Folha de São Paulo’ que conversou sobre o tema com Lula e que sanções dos EUA não pesarão em decisão


Prestes a deixar o comando do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso admitiu que considera deixar a Corte, embora ainda não tenha tomado uma decisão. “Sair do Supremo é uma possibilidade, mas não é uma certeza. Eu particularmente não tomei essa decisão”, afirmou o magistrado à coluna Monica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, em entrevista publicada neste domingo 28.
Barroso explicou que havia firmado esse compromisso com sua ex-esposa, a empresária Tereza Cristina Van Brussel Barroso, falecida em 2023. “Ela já estava doente, mas a gente tinha a pretensão de passear um pouco, de ter uma vida mais leve”. Com a morte dela, disse o ministro, essa motivação não existe mais: “Estou ainda verdadeiramente pensando no que fazer. Às vezes tenho a sensação de já ter cumprido o meu ciclo [no STF]. Às vezes penso que ainda poderia fazer mais coisas”, pontuou o magistrado.
Segundo o ministro, a ideia de sair do STF chegou a ser conversada com o presidente Lula (PT), mas sem nenhum acerto sobre cargos em embaixadas, como se ventilou nos bastidores de Brasília. O cargo de ministro do Supremo prevê aposentadoria compulsória aos 75 anos. Barroso tem 67 anos e, nesses termos, só deixaria a Corte após em 2033.
Na entrevista à Folha, o presidente do tribunal disse que o risco de sanções advindas dos Estados Unidos não é um fator que pesará na decisão sobre permanecer ou não no cargo. Conforme explicou, a maior motivação hoje está na exposição pública que recai sobre sua família e pessoas próximas. Ele citou o episódio em que a Advocacia-Geral da União pagou honorários a advogados, entre eles sua namorada, e que o caso foi explorado de forma negativa. “Eu não tenho muitos medos nessa vida” nem “aflições excessivas”.
Barroso passará o bastão do STF, nesta segunda-feira 29, ao ministro Edson Fachin. Fachin é o atual vice-presidente da Corte e, por critério de antiguidade, o ministro mais antigo que não presidiu o Supremo assume o cargo. O vice-presidente será o ministro Alexandre de Moraes.
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