Cultura
Tribunal britânico anula acusação por terrorismo contra rapper do grupo Kneecap
Liam O’Hanna, que se apresenta com o nome artístico de Mo Chara, havia sido indiciado por exibir uma bandeira supostamente ligada ao Hezbollah em um show em Londres


Um tribunal britânico rejeitou, nesta sexta-feira 26, uma acusação de terrorismo contra um cantor norte-irlandês do grupo de punk rap Kneecap, provocando aplausos entre seus fãs.
Os simpatizantes comemoraram quando o juiz determinou um erro técnico no caso contra Liam O’Hanna e lhe disse que estava “livre para ir”.
O’Hanna, de 27 anos, havia negado a acusação em maio, devido ao surgimento de um vídeo de um show em Londres, em novembro de 2024, onde supostamente teria exibido uma bandeira do grupo libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã.
Mo Chara, nome artístico do rapper do trio, afirmou nesta sexta-feira ao sair do tribunal que as tentativas de silenciá-lo “fracassaram”.
Sua equipe jurídica questionava se a acusação havia sido apresentada corretamente.
“Considero que estes procedimentos não foram iniciados da maneira correta”, concordou o juiz Paul Goldspring, acrescentando que “por consequência, as acusações são ilegais e nulas, e o tribunal não tem jurisdição”.
A banda havia classificado o processo legal como “caça às bruxas”.
Desde que o Reino Unido proibiu o Hezbollah como organização “terrorista” em 2019, é crime demonstrar apoio ao grupo.
O’Hanna afirmou em entrevistas anteriores que não sabia qual era a bandeira do Hezbollah e que aquela usada fazia parte de um ato musical às vezes satírico que não deveria ser levado ao pé da letra. O Kneecap também destacou que o vídeo que levou à acusação foi tirado de contexto.
O grupo de punk rap, que canta em irlandês e inglês, emitiu um comunicado sublinhando “não apoiar e nunca ter apoiado Hamas ou Hezbollah”.
Sua notoriedade aumentou desde o início do processo judicial, tendo sido banidos no Canadá e na Hungria, com alguns de seus shows cancelados na Alemanha e Áustria.
O grupo cancelou 15 datas de uma turnê planejada nos Estados Unidos no próximo mês porque coincidiam com o processo judicial.
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